Opinião: A política de nomes verdadeiros do Google+ está errada.
Acabar com a privacidade na internet? A rede mundial não esquece, não perdoa e vai estar sempre lá.
A Google recebeu recentemente algumas críticas pela política de “nomes verdadeiros” na rede social Google+ – muitos usuários tiveram a conta no site suspensa (e em alguns casos em outras páginas da empresa também) porque não usavam nomes reais.
O vice-presidente sênior da divisão social da Google, Vic Gundotra, disse que a política tem como objetivo dar um tom positivo, “como quando um restaurante não permite que as pessoas entrem sem camisa ”.
Gundotra, em entrevista a um blog de tecnologia, afirmou que a política não é contra nomes falsos, mas contra quem o escreve de maneiras estranhas (com letras de ponta cabeça, por exemplo), ou usam obviamente um pseudônimo, como “Deus, ou pior”.
Entendo o argumento da política de “nomes verdadeiros”, que torna as pessoas responsáveis pelo que dizem, e acrescenta um ambiente mais profissional para a rede. Permitir o uso de pseudônimos em mídias sociais leva inevitavelmente a um pouco de caos e descrédito.
Mas, se não tivermos anonimato na internet, não temos nada.
Há muitas razões para preservar o anonimato na rede. Por exemplo, há aquelas pessoas que querem mudar o mundo por meio de ativismo político e social, mas também há quem não quer morrer por expressar pontos de vista. Há que queira o pouco de privacidade que existe no mundo moderno. Há que queira usar a internet sem ser assediado, perseguido, perturbado.
Mas esta é a razão mais válida de todas: a internet nunca esquece.
É fácil argumentar contra a política dos “nomes verdadeiros” quando você confronta a internet com os limites do cérebro humano. Mas online não somos limitados por eles.
Pense desta maneira: na vida real não se pode dizer coisas ruins anonimamente. Então, na vida real é preciso assumir a responsabilidade pelo que dizemos. Mas há muitos limites em quantas dessas coisas que você fala realmente afetam sua vida: as pessoas perdoam, esquecem, mudam para longe e nunca mais olham para trás.
Na internet, não é bem assim. Se você disser algum ruim e se isso de alguma forma estiver ligado ao seu nome verdadeiro, todos que encontrar nos próximos 60 anos estarão a um clique de distância de saber que "pessoa horrível" você é. O tempo não cura na internet, o tempo sequer existe na internet.
Então, as pessoas que acham que acabar com o anonimato na internet é algo bom devem dar uma boa olhada na rede e perceber que ela é bem diferente do cérebro humano.
(Sarah Jacobsson Purewal