julho 2021


O bilionário ofereceu cobrir os gastos de US$ 2 bilhões da Nasa para poder participar da construção de um sistema de pouso dos astronautas na Lua.


Jeff Bezos se ofereceu para bancar US$ 2 bilhões (mais de R$ 10,3 bilhões) dos custos da Nasa, a agência espacial americana, em troca de participar do contrato de construção de um veículo de pouso na Lua.

Em abril, a Nasa concedeu o contrato de US$ 2,9 bilhões a Elon Musk, rejeitando a oferta original da empresa Blue Origin, de Bezos. Os dois empresários bilionários competiam para construir o sistema de pouso que vai carregar os astronautas até a superfície lunar em 2024.

A agência espacial americana só poderia dar o contrato a uma empresa, não a duas, por não ter orçamento suficiente. A Nasa recebeu apenas US$ 850 milhões dos US$ 3,3 bilhões que pediu ao Congresso dos EUA para construir a plataforma de pouso na Lua.

Numa carta ao administrador da Nasa, Bill Nelson, divulgada nesta segunda (26), Bezos escreveu: "A Blue Origin vai completar o orçamento que falta ao Sistema de Pouso Humano (HLS, na sigla em inglês), ao suspender todos os recebimentos no atual ano fiscal do governo e no próximo, completando um total de US$ 2 bilhões, para garantir que o programa volte aos trilhos."

"Essa oferta não é um adiamento (do recebimento dos US$ 2 bilhões do contrato), mas sim uma suspensão permanente desses pagamentos."

O que a ida de Bezos ao espaço e um arremesso de basquete tem em comum

Bezos voou ao espaço com seu irmão Mark na semana passada, no primeiro voo espacial turístico da sua aeronave New Shepard.

Na época da concorrência para assumir o contrato, Kathy Lueders, uma das chefes da Nasa, admitiu que a agência espacial não tinha verba suficiente para selecionar duas empresas para participar do projeto.


A Nasa também citou o repertório de missões orbitais da empresa SpaceX de Elon Musk como um fator para selecioná-la para a construção do sistema de pouso na Lua. O custo também teve seu papel na decisão: a SpaceX ofereceu fazer o trabalho por um valor menor que a Blue Origin.

Com isso, o veículo cilíndrico Starship carregaria os astronautas da Nasa para a primeira missão à superfície lunar desde Apollo 17 em 1972. A empresa de defesa Dynetics, do Alabama, também estava competindo pelo contrato.


Bezos havia formado uma parceria com os gigantes aeroespaciais Lockheed Martin, Northrop Grumman e Draper no certame para participar dessa fase crucial do Sistema de Pouso Humano da Nasa.

O veículo deles foi chamado de Blue Moon, e parece uma versão mais robusta do Módulo Lunar, que carregou Neil Armstrong e Buzz Aldrin à superfície da Lua em 1969.

Na sua carta, Bezos enfatiza a herança confiável da Blue Moon: "Nós criamos um sistema de pouso lunar do século 21 inspirado na arquitetura de Apollo — uma arquitetura com muitos benefícios. Um dos mais importantes deles é a segurança."

Proposta vencedora da SpaceX usará versão adaptada de seu foguete para levar astronautas à Lua — Foto: SpaceX/Divulgação

A Starship, de Elon Musk, ousa no design de aeronave espacial, utilizando uma estratégia radical para o pouso e incorporando inovadores motores a gás metano. Bezos também usou sua carta para enfatizar o uso pela Blue Origin de combustível de hidrogênio, o que se alinha aos interesses de longa data da Nasa em reabastecer aeronaves espaciais com água congelada retirada da Lua.

A água pode ser dividida em hidrogênio e oxigênio para alimentar os motores de foguetes.


No comunicado de seleção da empresa, em abril, a SpaceX recebeu nota "aceitável" no quesito técnico e "excelente" em administração. A Blue Origin também recebeu nota "aceitável" em suas competências técnicas, mas a nota para administração foi "muito boa", portanto menor que a SpaceX.

Após perder para a empresa de Elon Musk, a Blue Origin entrou com uma reclamação no Escritório de Contabilidade do governo dos EUA, alegando que a Nasa injustamente "modificou as traves do gol no último minuto", de maneira a garantir o contrato à SpaceX.

O recurso, juntamente com outro apresentada pela Dynetics, ainda espera avaliação, mas parte da comunidade espacial acredita que a chance de uma reversão da decisão seja improvável.

A estrutura de pouso desenvolvida pela Blue Origin, de Bezos, foi batizada de Blue Moon — Foto: Blue Origin/Divulgação

Fonte: G1

 
Paul Byrne; NASA/JPL

Existem muitas hipóteses plausíveis sobre o passado de Vênus, mas ainda não há dados o suficiente para chegar a um consenso. É que o planeta vizinho ainda não foi muito bem analisado — todas as sondas científicas que pousaram por lá deixaram de funcionar instantes após tocar o solo. Para ajudar a decifrar o “mundo infernal”, uma sonda orbital lançada em 2010 coletou boas informações sobre o clima noturno de lá.

A sonda em questão é a Venus Climate Orbiter Akatsuki, da agência espacial japonesa JAXA. Ela está equipada com sensores de infravermelho especiais, que não dependem da iluminação do Sol para obter dados. Assim, a Akatsuki consegue analisar a noite venusiana com mais detalhes que os satélites anteriores, embora isso não seja o suficiente para nos fornecer imagens nítidas.


Um dos obstáculos que Vênus reservou aos japoneses foi o intenso ruído de fundo — mais ou menos parecido com uma imagem de televisão com interferência criando linhas sobre a imagem do seu programa favorito (embora isso seja coisa da distante época das TVs analógicas, felizmente já superada pelos aparelhos digitais). Em astronomia, é normal aparecer ruídos nas imagens, e isso pode ser resolvido com alguns truques como sobrepor diferentes imagem do mesmo alvo.

Mas quando se trata de Vênus, as coisas nunca são tão simples. O sistema meteorológico venusiano também gira muito rápido, por isso, além do ruído, os cientistas tiveram que “compensar esse movimento”, conforme explicou o professor Takeshi Imamura, da Graduate School of Frontier Sciences at the University of Tokyo. A circulação meteorológica, conhecida como “super-rotação”, vai de leste-oeste e engloba todo o sistema climático do planeta na faixa do equador (seria algo devastador, caso ocorresse aqui na Terra, mas em Vênus não há muito o que devastar).

(Imagem: Reprodução/JAXA/Imamura)

Imamura e sua equipe tentaram compreender os mecanismos que mantém a super-rotação, e apostaram no clima noturno para explicar o fenômeno. Eles conseguiram observar outros ventos durante a noite, que vão de norte-sul. “O que é surpreendente é que eles correm na direção oposta de suas contrapartes diurnas", disse Imamura. Para ele, essa mudança “tão dramática não pode ocorrer sem consequências significativas”.

A equipe espera que os dados da Akatsuki ajudem a construir modelos mais precisos do sistema climático de Vênus, o que seria muito bem-vindo para qualquer cientista que se dedica ao estudo do planeta. Muitos dos modelos atuais consideram que Vênus já foi um muito bem semelhante ao nosso, em um passado bem distante, cheio de oceanos de água líquida. Mas, por algum motivo, o planeta recebeu tanto calor que toda a sua água evaporou e criou nuvens densas, que enclausuraram ainda mais toda essa temperatura.

Hoje, nuvens feitas de ácido sulfúrico cobrem toda a superfície venusiana e leva o clima a atingir temperaturas e pressão extremas. O que exatamente transformou o planeta de modo tão drástico ainda é um mistério, mas o novo estudo, publicado na Nature, pode trazer mais uma peça para este quebra-cabeças.

Datado de 300 a.C., um pedaço de linho utilizado para mumificação e preservado na Nova Zelândia contém cenas complementares a um fragmento do clássico egípcio que se encontra nos EUA

Fragmentos do "Livro dos Mortos", clássico egípcio, são reunidos depois de séculos (Foto: Wikimedia Commons)

Os egípcios antigos acreditavam que, na vida após a morte, as pessoas precisavam de elementos do mundo humano em suas jornadas para encontrar Osíris, o deus da morte. É por isso que artes vistas em pirâmides e tumbas retratam cenas com oferendas, suprimentos e servos. Atualmente, esse conjunto de escrituras é conhecido como “Livro dos Mortos”.

Apesar do nome, não se trata propriamente de um livro físico. Existem pelo menos 200 escrituras que foram encontradas em diferentes objetos — que variam de ataduras das múmias a túmulos — e elas não estão todas reunidas em um mesmo local. Um exemplo é a recente descoberta de que um fragmento preservado na Nova Zelândia é a continuação de um outro que se encontra nos Estados Unidos.

Localizado na Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, o trecho do Livro dos Mortos tem 2.300 anos e foi escrito em um pedaço de linho usado para envolver uma múmia. A conclusão de que ele seria complementar ao fragmento nos EUA, do Instituto de Pesquisa Getty, se deu após o artefato ser cadastrado em um sistema de dados online junto com outras peças históricas.

De acordo com a professora Alison Griffith, especialista em arte egípcia da instituição neozelandesa, ambas as partes descrevem cenas compatíveis com o Livro dos Mortos, utilizam a escrita hierática e datam de 300 a.C. “Existe um pequeno descompasso entre os dois fragmentos, mas as cenas fazem sentido e o texto é preciso”, constata Griffith, em nota. “É incrível ver esses dois pedaços juntos digitalmente.”

À direita, o fragmento da Universidade de Canterbury, mantido no Museu de Antiguidades Teece. À esquerda, o fragmento complementar do Instituto de Pesquisa Getty, nos Estados Unidos (Foto: Reprodução/Universidade de Canterbury)

Entre as cenas presentes nos fragmentos estão a imagem de açougueiros cortando um boi como oferenda, homens carregando móveis para a vida após a morte, um barco funerário com as figuras das deusas Ísis e Néfi e um homem puxando um trenó com a imagem da divindade Anúbis.

Griffith destaca a habilidade do indivíduo responsável pelas escrituras. Nos períodos iniciais, os egípcios escreviam diretamente nas paredes da tumba. Depois, passaram a utilizar papiro e o linho empregado na mumificação. “É difícil escrever nesse tipo de material, você precisa ter uma pena e uma mão firme. Essa pessoa fez um ótimo trabalho”, avalia a professora.

Também segundo os especialistas, o linho guardado na Nova Zelândia pertencia a um homem chamado Petosiris. Agora, pedaços das bandagens empregadas na sua mumificação estão espalhados pelo mundo tanto em coleções institucionais como em acervos particulares. Ainda não se sabe exatamente como os fragmentos foram separados, mas os pesquisadores já identificaram onde pode estar outra possível parte do linho de Petosiris: na Universidade de Queensland, na Austrália.

Garrafas de bebida preservadas por décadas e até séculos no fundo do mar são uma fonte rica de cepas de leveduras antigas

Enquanto o mergulhador passava cuidadosamente por uma das escotilhas até o porão do navio afundado, ele podia ver o tesouro do naufrágio esperando por ele.

Estava submerso há mais de 100 anos — mas agora parte dele estava prestes a emergir das profundezas do mar.

O explorador em questão, Steve Hickman, técnico de mergulho e mergulhador amador, levava consigo uma pequena rede que serviria como sacola. O tesouro que ele procurava era cerveja.

Preservadas no porão deste navio, havia fileiras e mais fileiras de garrafas de vidro de cerveja, parcialmente enterradas no lodo marinho.

Assim que ele tirou a primeira garrafa de onde estava, o sedimento se agitou e formou uma nuvem enorme. Com a visibilidade reduzida a zero, Hickman ficou efetivamente sem enxergar nada.

Mas ele conhecia bem este naufrágio — já havia mergulhado ali muitas vezes antes. Ele seguiu então em frente, tateando em busca de mais garrafas na escuridão.

Depois de reunir e ensacar algumas, ele foi embora, e sua equipe carregou cuidadosamente as garrafas para a superfície.

O naufrágio era o Wallachia, um navio de carga que afundou em 1895 na costa escocesa após uma colisão com outra embarcação em meio a uma forte neblina.

O Wallachia tinha acabado de zarpar de Glasgow, na Escócia, e estava abarrotado com vários tipos de carga, incluindo contêineres enormes de uma substância química chamada cloreto de estanho.

Mas o navio também tinha milhares de garrafas de bebidas alcoólicas a bordo.

Muitas delas foram preservadas nas águas geladas do fundo do mar, onde o navio permaneceu por mais de um século.

Desde que começou a mergulhar no Wallachia na década de 1980, Hickman recuperou dezenas de garrafas contendo uísque, gim e cerveja.

Mas sua última visita, um trabalho em equipe na companhia de vários mergulhadores, levou a algo inusitado.

As garrafas que eles recuperaram foram entregues a cientistas de uma empresa de pesquisa chamada Brewlab, que, junto a colegas da Universidade de Sunderland, no Reino Unido, foi capaz de extrair levedura viva do líquido que havia dentro de três das garrafas.

Eles usaram então essa levedura numa tentativa de recriar a cerveja original.

Em 2018, um projeto semelhante na Tasmânia usou levedura de garrafas de cerveja de 220 anos encontradas em um naufrágio para recriar uma bebida do século 18.

Mas o estudo da levedura do Wallachia revelou uma surpresa.

Aquelas cervejas continham um tipo incomum de levedura, e a equipe por trás do trabalho está avaliando agora se essa cepa há muito tempo perdida poderia ter aplicações nas cervejarias modernas ou até mesmo melhorar as cervejas de hoje.

É apenas um exemplo de um campo de pesquisa que cresce entre os fabricantes de cerveja e outros fermentadores de bebida que buscam cepas esquecidas de levedura na esperança de que possam ser bem utilizadas.

Isso significa ir à caça das mesmas em garrafas encontradas em naufrágios, vasculhar recipientes antigos e coletar amostras de destilarias em ruínas, onde variedades fabulosas ainda podem permanecer.

Esse tipo de pesquisa é chamado de bioprospecção, e "ressuscitar" leveduras históricas poderia ter diversas aplicações, desde combater a poluição até auxiliar na produção de aromas para a indústria de perfumes.

Quando Steve Hickman começou a coletar garrafas de cerveja do Wallachia na década de 1980, ele conta que ainda era — quase — bebível.

Ele e os amigos levaram as garrafas para casa e colocaram em copos. A bebida, com quase 100 anos na época, assentou lentamente e gerou uma espuma espessa e cremosa — quase como na cerveja Guinness, ele recorda.

Mas a magia só vai até aí.

"Tinha o cheiro mais atroz", diz Hickman.

"Uma espécie de cheiro salgado de putrefação. Acho que essa seria a melhor descrição."

O gosto tampouco se salvava.

As garrafas traziam ainda outras surpresas — incluindo o fato de explodirem, diz Hickman.

À medida que se ajustavam à pressão mais baixa acima do nível do mar, os gases dentro do recipiente se expandiam e, às vezes, quebravam o vidro.

A cerveja dentro das garrafas encontradas no Wallachia tinha um cheiro nada atraente, mas a levedura que contém pode ter um valor inestimável

Certa vez, Hickman deixou uma garrafa na mesa da cozinha da casa dos pais.

Ela estourou enquanto eles estavam em outro cômodo, espalhando cerveja podre e fedorenta por toda parte.

Demorou muito para limpar, ele recorda.

A cerveja se deteriorou ainda mais — e ele nem tentaria tomar um gole. De maneira geral, tomar bebidas antigas pode não ser seguro porque você não tem como ter certeza se contêm bactérias ou produtos químicos nocivos.

No entanto, alguns dos companheiros de mergulho de Hickman foram capazes de provar a nova cerveja criada pelo Brewlab usando cepas de levedura isoladas das garrafas do Wallachia.

Andy Pilley, topógrafo e mergulhador amador que também fez parte da expedição para resgatar a cerveja no naufrágio, estava entre os que provaram o resultado: uma cerveja encorpada com 7,5% de teor alcoólico.

"Com certeza senti café e chocolate", diz ele.

Foi Pilley quem decidiu mandar a cerveja do Wallachia para o Brewlab, após ter ouvido falar da empresa por acaso em um restaurante.

Os cientistas do Brewlab, que teve origem na Universidade de Sunderland, estudam cepas de leveduras e técnicas de fermentação há anos.

O fundador da empresa, Keith Thomas, diz que, uma vez que a cerveja do Wallachia estava em seu laboratório, ela foi tratada com a máxima cautela.

"Abrimos (as garrafas) em condições de laboratório com nível dois de contenção", revela.

Isso envolveu abrir as garrafas em um armário especial cheio de ar estéril, a fim de proteger os cientistas de possíveis patógenos na cerveja.

Muitas das garrafas encontradas a bordo do Wallachia permaneceram fechadas, apesar de terem passado mais de 100 anos submersas

Essa medida também garantiu que as amostras não ficassem contaminadas com nenhuma cepa de levedura dos dias modernos.

Os testes genéticos revelaram que a cerveja do Wallachia continha dois tipos diferentes de levedura — Brettanomyces e Debaryomyces.

Em um artigo sobre o tema, Thomas e seus colegas explicam que é incomum encontrar Debaryomyces em uma cerveja histórica, embora esse tipo de levedura tenha aparecido em algumas cervejas belgas feitas por fermentação espontânea, que depende de deixar o líquido pré-fermentado exposto ao meio ambiente, para que nele se instalem cepas de leveduras.

Algumas das cepas de leveduras mais comuns usadas na fabricação de cerveja são da espécie Saccharomyces cerevisiae.

Geralmente, a fermentação acontece quando as leveduras consomem os açúcares dos grãos maltados, como a cevada.

A levedura transforma esses açúcares em álcoois, dióxido de carbono e vários subprodutos.

Alguns desses subprodutos conferem sabor e, portanto, cada cepa de levedura diferente, ao metabolizar a sua própria maneira, produzirá um perfil de sabor distinto no produto fermentado.

Tudo se resume ao genoma da cepa em questão, ou cepas, no plural, no caso da cerveja do Wallachia.

A maioria dos cervejeiros modernos não varia muito a levedura que usa, embora normalmente façam experiências com outros ingredientes, como o grão que fermentam ou o lúpulo que adicionam posteriormente no processo para dar sabor.

Alguns fabricantes de bebidas e cientistas argumentam que o uso de cepas de levedura mais diversas também pode influenciar fortemente o sabor e a robustez do produto final.

Em resumo, experimentar uma levedura incomum pode resultar em uma cerveja melhor, por isso muitos estão se voltando para variedades esquecidas do passado.

Thomas está satisfeito com os resultados do estudo da cerveja do Wallachia.

Ele diz que a combinação das duas leveduras que encontraram na cerveja de 126 anos talvez possa inspirar inovações na indústria cervejeira de hoje.

As leveduras parecem conferir uma espécie de caráter de fazenda ou de "cavalo molhado", ele acrescenta.

Pesquisadores descobriram que mudar a levedura usada durante a fermentação pode conferir novos sabores interessantes à cerveja

Pode não parecer muito apetitoso, mas, com moderação, sabores terrosos como esse podem ajudar um cervejeiro habilidoso a criar uma bebida única e rica em sabor.

Afinal, a fabricação de cerveja é um ato de equilíbrio.

Veja o caso da cerveja azeda (sour). Excesso de acidez seria naturalmente desagradável, mas, no nível certo, pode ser uma mistura refrescante.

Os cervejeiros experimentam alternativas à Saccharomyces cerevisiae — as cepas de Brettanomyces, por exemplo, costumam ser usadas para fazer cervejas azedas.

Mas há muitas cepas de leveduras inexploradas por aí, apenas esperando para serem descobertas pelos cervejeiros, argumenta Carmen Nueno-Palop, da Coleção Nacional de Cultura de Leveduras (NCYC, na sigla em inglês), parte do Quadram Institute, no Reino Unido.

"Tem havido muita ênfase no lúpulo", diz ela, se referindo às recentes inovações na indústria de cerveja.

Ela observa, no entanto, que alguns cervejeiros podem produzir várias cervejas diferentes —todas usando exatamente a mesma levedura.

"Quero passar aos cervejeiros a importância de escolher a cepa certa", completa.

Cerca de quatro anos atrás, Nueno-Palop e seus colegas conduziram um experimento no qual fabricaram 33 cervejas que eram basicamente idênticas — exceto pela levedura.

A equipe escolheu uma cepa diferente para cada cerveja e começou analisando o DNA das cepas, que se revelou inesperadamente diverso.

"Fiquei muito surpresa", diz ela. "Eram todos diferentes um do outro."

As cervejas resultantes também variaram muito em termos de perfis de sabor.

O NCYC tem cerca de 600 cepas de fabricação de cerveja em seus arquivos, algumas das quais foram depositadas por cervejarias do Reino Unido que fecharam durante a crise econômica nas décadas de 1950 e 1960.

Algumas dessas cepas mal foram usadas desde então.

Nueno-Palop diz que os cervejeiros estão começando a reconhecer que podem diversificar seus produtos, talvez usando uma cepa que tenha alguma conexão histórica com sua localização no Reino Unido.

Essa ideia, de que as leveduras históricas podem conferir um patrimônio e sabores interessantes, está se difundindo fora do mundo da cerveja.

Alan Bishop tem o título de alquimista e destilador chefe na Spirits of French Lick, uma destilaria em Indiana, nos Estados Unidos.

A empresa produz uma variedade de bebidas destiladas, incluindo bourbon, rum e gim.

Nos últimos anos, Bishop fez bioprospecção na esperança de coletar cepas de leveduras abandonadas em antigas destilarias em Indiana e Kentucky.

Ele geralmente leva um pote de mosto, líquido contendo açúcares do grão que será fermentado, para esses locais abandonados.

Ele simplesmente deixa o pote aberto, exposto ao ar. A levedura então se instala naturalmente no mosto, permitindo o início da fermentação.

De vez em quando, Bishop também esfrega o interior de jarras antigas de destilarias desativadas, retirando a levedura diretamente de dentro delas.

Os antigos egípcios foram os primeiros a assar pão, mas as leveduras que usavam provavelmente eram diferentes das que existem hoje

Segundo ele, há muitas destilarias extintas perto dele porque a indústria artesanal de produtores de uísque e bourbon que existia nos Estados Unidos durante os anos 1800 foi à falência devido à Lei Seca — entre 1920 e 1933 quando a produção, importação e a venda de bebidas alcoólicas se tornou ilegal nos Estados Unidos.

Bishop ainda não enviou nenhuma de suas cepas bioprospectadas para análise genética e, portanto, não pode ter certeza de sua procedência exata.

Mas, de qualquer forma, ele está certo de que o uso de leveduras alternativas faz diferença nas bebidas que ele e seus colegas produzem.

Por exemplo, uma cepa específica que ele coletou do local da destilaria Daisy Spring Mill, em um parque estadual de Indiana, confere um sabor forte de canela à bebida fermentada, diz ele.

Com esta experimentação, surge a oportunidade de desenvolver bebidas novas e interessantes, mas também conecta a destilaria Spirits of French Lick à região e ao seu legado, argumenta Bishop.

Em geral, ele acredita que os destiladores estão perdendo uma oportunidade ao não procurarem variedades de leveduras mais variadas para sua produção.

"Infelizmente, não se deu muita atenção à levedura na destilação. Pelo menos nos últimos 100 anos", diz ele.

"Cada uma dessas variedades de levedura tem características próprias."

Ele argumenta que as diferenças de sabor que se desenvolvem na bebida em fermentação não vão desaparecer, mesmo depois de ser processada e amadurecida em barris por meses ou anos.

A diversificação da levedura pode beneficiar todos os tipos de indústrias. Pode, por exemplo, ajudar os fabricantes de perfumes a criar fragrâncias melhores.

As leveduras, às vezes, são usadas para produzir os compostos químicos complexos de um aroma quando eles não podem ser facilmente obtidos a partir de outros ingredientes.

Nos últimos anos, leveduras geneticamente modificadas desenvolvidas para fazer isso se tornaram disponíveis em escala grande o suficiente para serem usadas na produção comercial.

Entre os pioneiros dessa abordagem, está a empresa de biologia sintética Ginkgo Bioworks, nos Estados Unidos.

Thomas observa que a levedura Debaryomyces encontrada na cerveja do Wallachia também parece ser tolerante a metais pesados ​​como arsênio e chumbo.

Isso pode significar que seria uma boa levedura de biorremediação — usada para absorver poluentes em um ambiente contaminado, para limpá-lo.

Partes do mundo onde o lençol freático contaminado com arsênio tem sido associado a problemas de saúde incluem o Oriente Médio, a Índia e a costa oeste da América do Sul, diz Thomas.

Outra área que pode se beneficiar das leveduras bioprospectadas é a farmacêutica.

Muitos medicamentos são feitos com a ajuda de leveduras, que são usadas para desenvolver certas substâncias químicas.

Alguns sugerem que leveduras ainda mais eficientes para esse propósito poderiam ser encontradas no meio ambiente — talvez no mar.

Os fabricantes de pão também poderiam recorrer a novas — na verdade, antigas — leveduras, na busca pela diversificação de seus produtos.

Em 2020, Seamus Blackley, o criador do console de videogame Xbox original, anunciou que havia recriado um pão egípcio usando culturas de levedura coletadas de recipientes de cozimento egípcios antigos.

Dois cientistas que ajudaram Blackley na empreitada ainda estão pesquisando as cepas de levedura egípcia e analisando a composição genética da levedura usada no experimento, a fim de descobrir que contribuição qualquer cepa antiga pode ter feito ao pão.

Blackley diz que a equipe pretende lançar um programa mais amplo de amostragem de DNA, a fim de analisar outros artefatos e sítios arqueológicos.

Mas como se trata de algo vivo em um ambiente em constante mutação, é difícil saber com certeza se uma cepa de levedura retirada da natureza realmente descende diretamente de uma usada na histórica produção de alimentos, diz Caiti Smukowski Heil, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos EUA.

Esta é uma das razões pelas quais os naufrágios são tão especiais, ela observa, porque se você consegue extrair a levedura de uma garrafa lacrada que ficou no escuro, no frio e em condições estáveis ​​por muitos anos, você pode ter certeza de que recuperou a levedura original usada para fazer aquele produto.

De qualquer forma, existe uma "enorme diversidade de leveduras inexploradas", diz ela.

As padarias, por exemplo, dependem amplamente de cepas padrão de Saccharomyces cerevisiae.

Mas leveduras selvagens ou cepas históricas que caíram em desuso podem, na verdade, ser opções melhores para a produção moderna.

"Espécies de levedura diferentes da Saccharomyces cerevisiae costumam ser mais tolerantes a alguns aspectos, como usar massa congelada e, às vezes, até aumentam a capacidade de fermentação", diz Heil.

Thomas conta que pretende obter amostras e estudar leveduras de recipientes selados encontrados em outros naufrágios, ou outras "cápsulas do tempo" de bebidas bem preservadas.

E ao estudar a genética de cepas de leveduras antigas, também pode ser possível identificar genes até então desconhecidos, mas desejáveis, que podem influenciar leveduras geneticamente modificadas no futuro.

Mas o naufrágio do Wallachia é um lembrete de como temos sorte por ter acesso a um punhado de leveduras históricas que podemos associar com segurança a um período de tempo e lugar específicos.

Nos cerca de 30 anos desde que Hickman começou a mergulhar nele, testemunhou como os destroços se deterioraram com o passar do tempo.

Estruturas e passagens acima e ao redor da casa de máquinas desabaram. As rachaduras nas paredes envelhecidas do navio aumentaram. A embarcação está desaparecendo.

"Eu diria que, possivelmente nos próximos 20 a 30 anos, terá desaparecido por completo", ele avalia

O Wallachia provavelmente levará as garrafas de cerveja que sobraram com ele, enquanto se fragmenta lentamente no fundo do mar.

Um elo valioso com as cervejarias do século 19 finalmente desaparecerá para sempre, levando consigo as preciosas leveduras esquecidas nas garrafas.

Via: BBC

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Na matéria anterior mostramos diversas fotos onde o plano de fundo com certeza se destacaram bem mais que o assunto principal, nessa segunda parte como não havia de ser diferente o plano de fundo continua sendo o grande destaque.

De pessoas tentando pegar galinha, a cachorro se aliviando na água, cara aparecendo pelado para estragar a foto de moças a girafas querendo fazer uma pontinha na foto você verá isso e muito mais...

Quando compomos nossas fotos, geralmente é o primeiro plano que chama mais atenção. Afinal, muitas vezes é onde está a ação principal. Mas às vezes o plano de fundo rouba totalmente o momento!

Quer se trate de um animal fazendo algo inesperado ou um estranho totalmente intencional faz o click bombar, as possibilidades são virtualmente infinitas.

Então, para lembrá-lo de prestar atenção a cada pixel dentro de um quadro, preste bem atenção nas imagens a seguir.





















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