09/16/12

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

A filha disse não, a irmã disse não, a prima disse não. Por causa de todos os "nãos", Rosa, 61, vítima de aneurisma cerebral, permanece internada em um hospital de São Paulo mesmo já tendo recebido alta há dois meses.

Casos de pacientes abandonados nos hospitais --porque a família não os quer ou porque perderam o vínculo com os parentes-- têm se tornado frequentes na capital e chamaram a atenção do Ministério Público paulista.

A Promotoria dos Direitos Humanos do Idoso instaurou um inquérito civil em que solicita que o Estado e o município criem serviços para acolher pacientes que não têm para onde ir. Promotores também têm acionado judicialmente famílias para que assumam seus doentes.

A Folha localizou ao menos 120 pacientes já em condições de alta, mas que permanecem internados no Hospital Auxiliar de Suzano (que pertence ao Hospital das Clínicas) e no Hospital D. Pedro 2º, ligado à Santa Casa de São Paulo. Eles somam quase 20% do total de internados.

Lucas Lima/Folhapress

Rosa, 61, no Hospital Auxiliar de Suzano

Morando nos hospitais, esses pacientes sofrem riscos de contrair infecções, além de ocupar leitos de pessoas que realmente precisam.

Rosa, paciente do Hospital de Suzano, sabe que a filha não a quer, mas fantasia outra razão para justificar o abandono. "Minha filha pensa que eu morri. É por isso que não veio me buscar."

Ela vivia nas ruas quando sofreu um aneurisma e ficou com sequelas: lado direito paralisado, problemas na fala e confusão mental. O caso está no Ministério Público.

Damaris Felipe dos Santos, 78, vive há exatos 67 anos no Hospital D. Pedro 2º, no Jaçanã, na zona norte. Tinha 11 anos quando lá chegou, com paralisia nas pernas.

Ela e outros dois pacientes do hospital --Celina, 65, e José Alberto, 67, ambos com síndrome de Down-- foram deixados ainda bebês na "roda dos enjeitados", que funcionou na Santa Casa até 1950.

Ficaram em um orfanato e, na adolescência, foram transferidos para o D. Pedro 2º. Nunca mais saíram. "Aqui não me falta nada. Muito menos amor", diz Damaris.

No hospital centenário, dois terços dos pacientes não têm família.
Adriano Vizoni/Folhapress

Damaris Felipe dos Santos, 78, no hospital D. Pedro 2º, em São Paulo, onde mora há 67 anos


"É uma situação crítica. Quanto mais vulnerável o paciente, menor é a chance de acolhimento fora do hospital. Não há lugar", diz a promotora de direitos humanos do idoso Cláudia Beré.

As duas instituições estão lotadas (com ocupação de 94%) e há uma fila de espera de 50 pacientes, em média. Chamados de hospitais de retaguarda, abrigam pacientes crônicos (com síndromes genéticas, sequelas de derrame, aneurisma e traumatismos).

"Muitos são ex-moradores de rua, não têm para onde ir. Mas outros têm filhos, que não querem levar a mãe ou o pai para casa porque acham que vão dar muito trabalho", diz Fábio Ajimura, diretor técnico do hospital de Suzano.

O Hospital D. Pedro 2º tem também 50 "desconhecidos", doentes que ali chegaram sem documentos e sem lembrança de família.

Nem o exame datiloscópico, que tenta a identificação por meio das impressões digitais, teve sucesso com eles.

Nesses casos, as assistentes sociais fazem um trabalho de detetive. "A gente fica esperando que eles se lembrem de algum nome, de alguma alguma cidade, e depois começamos a pesquisar, a juntar as pontas", diz Elaine Cristina Marques, assistente social do hospital de Suzano.

Hélio era morador de rua e foi atropelado. Não tem documentos, não fala, não anda. Um dia, balbuciou o nome. E os funcionários assim passaram a chamá-lo.

Ele é um dos pacientes não identificados que vivem em hospitais públicos de São Paulo. Todos estão no site da Secretaria de Estado da Saúde à espera de alguém que os identifique. E os leve para casa:

MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO

As embalagens de Ninho e Ninho Fases são semelhantes: latas redondas e amarelas com a marca Ninho em letras grandes. Mas consumidores mais atentos verão que, dos dois, só um é leite em pó.

Diferentemente do leite Ninho, o Ninho Fases é um composto lácteo, uma mistura à base de leite e outros ingredientes, como óleos vegetais. A frase "este produto não é leite em pó" está na parte de trás da lata. Ele tem tem diferentes versões para casa faixa etária, de um a cinco anos.

Por causa da possibilidade de o consumidor ser induzido a erro, o Procon de São Paulo começou a investigar a Nestlé, após receber a denúncia de um consumidor.

Até há poucas semanas, o próprio site da Nestlé colocava o Ninho Fases na categoria de leite. Só mudou após uma notificação do Procon

A entidade agora analisa o material publicitário da empresa e poderá multá-la ou exigir contrapropaganda. O prazo para o resultado da análise é de 120 dias, segundo Paulo Arthur Góes, diretor executivo do Procon-SP.

"A informação nem sempre é clara. O consumidor não sabe a diferença entre leite e composto lácteo. Para ele, é tudo leite, mas o composto lácteo não tem as mesmas propriedades."

O Ministério da Agricultura também recebeu denúncias sobre o Fases.

QUALIDADE

Não há consenso entre os especialistas sobre se é melhor dar composto lácteo ou leite integral às crianças a partir de um ano -antes disso, o ideal é que ela receba leite materno.

Segundo Edson Credidio, médico nutrólogo e pesquisador em alimentos funcionais da Unicamp, o leite integral, por ser mais rico em nutrientes, é melhor para o desenvolvimento dos pequenos.

"Os melhores suplementos nutricionais estão nos alimentos e não no que se adiciona a eles. Essas novidades são meramente comerciais."

O publicitário Adriano Ferreira, 37, de Sorocaba (SP), ficou surpreso quando a médica de sua filha Heloísa, 3, disse que o Ninho Fases não era leite e pediu que ele trocasse de produto.

"Escolhi o Fases no supermercado porque vi que tinha um monte de vitaminas. Para mim era um leite Ninho mais incrementado. Você olha a embalagem e nem questiona se é leite porque conhece a marca Ninho. Me senti enganado."

Em blogs, outros pais se dizem surpresos e até revoltados quando descobrem que o Ninho Fases não é leite e contém xarope de milho, um tipo de açúcar.

Sophie Deram, pesquisadora e nutricionista do ambulatório de obesidade infantil do HC da USP, afirma que a tentativa de elaborar produtos com menos gordura saturada e mais vitaminas e minerais que o leite natural cria produtos doces e educa o paladar das crianças dessa forma. "Dou prioridade a alimentos reais, sem tantos processos industriais e adição de suplementos vitamínicos."

Já o pediatra Moises Chencinski afirma que o composto lácteo tem uma formulação mais apropriada para a criança manter o peso adequado e prebióticos para a saúde da flora intestinal.

"O leite integral pode ter mais nutrientes, mas não são os adequados para essa faixa de idade."

Cid Pinheiro, coordenador das equipes de pediatria do Hospital São Luiz e professor assistente da Santa Casa, afirma que, com o passar dos anos, o leite deixa de ser tão essencial para a criança porque as fontes de cálcio ficam mais diversificadas com a ingestão de outros alimentos, como queijo e iogurte, e, portanto, não há problemas em consumir o composto lácteo.

"No fim, a decisão sobre qual tipo de leite a criança vai tomar depois do aleitamento materno tem que ser individualizada e orientada por um pediatra."

OUTRO LADO

Em nota, a Nestlé afirmou que respeita o direito de informação ao consumidor e cumpre a legislação referente à comercialização de compostos lácteos do Ministério da Agricultura.

A empresa diz que os ingredientes adicionados ao leite visam contribuir para a ingestão de nutrientes importantes na infância.

A reportagem também questionou a Nestlé sobre o uso de xarope de milho no Ninho Fases. O ingrediente adicionado a produtos industrializados, com alta concentração de frutose e composto também por glicose, já foi acusado de ser um dos culpados pela epidemia da obesidade nos EUA. O nutrólogo Edson Credidio afirma que nele há quase as mesmas calorias do açúcar.

A empresa diz que uso do ingrediente visa reduzir o dulçor do produto. "O xarope de milho é um carboidrato que confere um sabor menos doce, o que garante a palatabilidade de Ninho Fases, colaborando para que as crianças acostumem o paladar a alimentos menos doces."


Editoria de arte/folhapress




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