Muitos investigadores estão em busca de respostas para desvendar os mistérios que envolvem o Stonehenge. Estes monumentos pré-históricos, encontrados em diversas regiões do globo, têm mantido a humanidade intrigada ao longo de milênios. Embora, em um dado momento, tenha-se suspeitado que os antigos Druidas fossem os artífices por trás de sua construção, essa teoria foi prontamente descartada.


Ao mergulharmos nos registros históricos mais remotos, datados de 2.400 anos atrás para os Druidas e de 4.000 a 5.000 anos atrás para o Stonehenge, surge a percepção quase impossível de que a civilização Druida poderia ter erguido esses monumentos. Mesmo ao estendermos nossa consideração para um período anterior, antes do documento histórico mais antigo sobre os Druidas, os cientistas veem como pouco plausível que essa antiga sociedade estivesse presente durante o processo de construção do Stonehenge.

Imagem: Apostolis Giontzis - Shutterstock

Essa desconcertante disparidade temporal entre os registros históricos dos Druidas e a idade dos monumentos suscita mais interrogações do que respostas, alimentando a persistente incerteza que envolve o enigma do Stonehenge. A busca por compreender os construtores reais desse intrigante legado pré-histórico permanece, assim, uma jornada desafiadora e fascinante para os pesquisadores contemporâneos.

De acordo com as análises da renomada pesquisadora emérita de pré-história, Caroline Malone, não se encontrou qualquer vestígio desse povo específico em Stonehenge. Em contrapartida, Malone destaca a presença de rituais calendáricos complexos no local, associados ao solstício, à morte, ao renascimento e a eventos comunitários. A professora lança luz sobre um aspecto intrigante em relação aos druidas: ao que parece, eles não reverenciavam o Sol ou o solstício, contrariando a crença popular. Nenhum dos sítios rituais da Idade do Ferro sugere tal devoção ou prática.

O layout circular de Stonehenge, alinhado com os movimentos do Sol, é um elemento de particular relevância. Os estudiosos conjecturam que os construtores dessas estruturas consideravam o local como um espaço sagrado e religioso. Essa interpretação diverge da suposição comum de que os druidas, frequentemente associados à cultura celta, estavam diretamente ligados a cultos solares. A pesquisa de Malone reforça a ideia de que Stonehenge servia a propósitos cerimoniais mais amplos, envolvendo complexos rituais vinculados ao cosmos e à vida comunitária, em oposição a uma adoração direta ao Sol ou ao solstício.

Num artigo de 2013, divulgado na revista Archaeology International, o professor de pré-história britânica da University College London, Mile Parker Pearson, afirmou que "autores clássicos mencionavam que druidas antigos praticavam adoração exclusivamente em bosques arborizados — sem qualquer menção à conexão entre druidas e pedras [monumentos], muito menos Stonehenge".

Essa situação ganha uma aura ainda mais intrigante quando os estudiosos observam o comportamento dos druidas contemporâneos, surgidos há aproximadamente 300 anos, pois estes se identificam com Stonehenge, e muitos fazem peregrinações ao local nos solstícios. É evidente que as práticas contemporâneas podem não guardar relação com aquelas empregadas pelos druidas antigos, que desapareceram há 1.200 anos, durante a Idade Média.

Por que a associação entre Stonehenge e os Druidas persiste?
Esta indagação continua a ecoar: diante de inúmeras evidências que desvinculam os antigos druidas do Stonehenge, por que os cientistas ainda seguem por esse caminho?

Ronald Hutton, professor de história da Universidade de Bristol, no Reino Unido, esclarece que "os druidas estão ligados a Stonehenge através do sacerdócio pagão da Grã-Bretanha quando [registros escritos surgem] e, assim, quando perceberam que o monumento foi erigido pelos britânicos pré-históricos no século XVIII, imediatamente presumiram que os druidas eram os responsáveis por isso".

Esse equívoco persistiu até 1960, quando "o público, em geral, tomou conhecimento, após avanços significativos na arqueologia, de que o monumento foi construído dois mil e meio anos antes do período em que os druidas são mencionados em fontes antigas", concluiu Hutton.