Por que é possível viver em Hiroshima ou Nagasaki — e não em Chernobyl
Hiroshima:
75 anos após bomba atômica, a cidade hoje é habitável (Getty
Images/Reprodução) |
Entenda
as diferenças entre as consequências da radiação que atingiu as três regiões
Em
6 de agosto de 1945, exatamente 75 anos atrás, caía a primeira bomba atômica no
mundo, chamada de Little Boy, sobre a cidade de Hiroshima, no Japão. Mais tarde, a tragédia
viria a ser acompanhada por outra bomba, a Fat Man — dessa vez com o
destino programado para a cidade de Nagasaki, três dias depois do primeiro
ataque realizado pelos Estados Unidos. Anos depois, em 1986, o Japão e o
restante do mundo ainda estavam se recuperando das duas grandes tragédias que
tiveram um impacto global. E ninguém estava preparado para o que estava por
vir. Dessa vez, um acidente pararia os noticiários novamente. Nos dias 25 e 26
de abril daquele ano, a usina V.I. Lenin explodiu e devastou cidades como
Pripyat e Chernobyl,
localizadas no território da atual Ucrânia.
Considerado
o maior acidente nuclear da história, Chernobyl foi alvo de uma explosão de um
reator que liberou 7 toneladas de combustível nuclear. Quando o combustível se
fundiu com a atmosfera, foram liberadas partículas dos elementos químicos
xenônio, césio e iodo radioativo — deixando a região com características
radioativas até os dias atuais.
No
total, mais de 200.000 pessoas morreram pela explosão de ambas as bombas no
Japão, e as duas cidades sofreram com danos irreversíveis.
Na
época, parecia que as regiões não iriam se recuperar tão cedo — afinal, não era
possível saber ao certo quais seriam as consequências da destruição e da
radiação que pairavam sobre as cidades japonesas.
Consequências
divergentes
Embora
os três locais tenham sido palco de grandes tragédias químicas, as cidades
japonesas hoje podem se orgulhar de terem conseguido dar a volta por cima.
Atualmente, Hiroshima conta com um número crescente de mais de 2 milhões de
habitantes, enquanto Nagasaki conta com 413.000 habitantes.
Isso
aconteceu porque, enquanto Hiroshima e Nagasaki foram atingidas por 65 quilos
de urânio e 6 quilos de plutônio, respectivamente, Chernobyl sofreu com
toneladas de radiação expostas no ar — deixando um raio de até 2.600
quilômetros quadrados inabitável.
Além
disso, as bombas direcionadas pelos Estados Unidos para as cidades japonesas
explodiram ainda no ar, enquanto o reator de Chernobyl derreteu e acabou se
fundindo na superfície, tornando o solo da região extremamente radioativo.
Portanto,
o efeito de radiação presente no solo é muito mais prejudicial para o ambiente
do que a explosão de alguns quilos de radiação no ar.
Segundo
especialistas, a expectativa é que a região afetada de Chernobyl volte a se tornar habitável daqui a cerca de
20.000 anos.
No
entanto, alguns animais selvagens com aparência saudável foram vistos pela
região nos últimos anos, embora os testes de radiação indiquem que o local
ainda está altamente contaminado.
A
capacidade da natureza de se recuperar de uma tragédia radioativa de forma
natural ainda está sendo avaliada, embora os sinais de descontaminação no longo
prazo sejam favoráveis para a região.
Fonte: exame