01/15/20

Um meteorito encontrado na Antártida, em uma imagem de arquivo.U. MANCHESTER/KATHERINE JOY

Uma equipe de cientistas analisa o composto mais velho detectado até hoje. Tem cerca de 7 bilhões de anos e se formou antes da existência do Sol e dos planetas do sistema solar

Em 28 de setembro de 1969 pôde ser vista no céu de Victoria, sudeste da Austrália, uma grande bola de fogo que se dividiu em três fragmentos e desapareceu. Logo depois se sentiu um impacto. Era o meteorito de Murchison, do qual foram recuperados até 100 quilos de material. Depois disso foram achados nessas rochas compostos orgânicos e açúcares que reafirmaram a teoria de que os compostos essenciais para a vida na Terra vieram do espaço a bordo de meteoritos. Agora, um novo estudo revela que essas rochas contêm coisas ainda mais surpreendentes.

O maior fragmento do meteorito Murchison está no Field Museum, de Chicago. Lá, a equipe de Philipp Heck analisou uma parte do meteorito, concentrando-se em 40 grãos de carboneto de silício, um material com dureza semelhante à do diamante. Cada pedaço mede apenas alguns mícrons, ou seja, é umas mil vezes menor que um milímetro, mas contém informações que datam de antes da existência da Terra, do Sol e o resto do sistema solar.

Pesquisadores analisaram as mudanças no carboneto de silício produzidas pelo impacto de raios cósmicos cujas partículas são capazes de alterar a composição atômica do material original e que, por sua frequência, podem ser usadas como um relógio que estima a idade da amostra.

Os resultados mostram que a maioria dos grãos analisados ​​é 300 milhões de anos mais antiga que o sistema solar, formado cerca de 4,6 bilhões de anos atrás, e que alguns deles são 1 bilhão de anos mais antigos, destacam os autores do artigo, publicado nesta terça-feira na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA.

"Este é o material mais antigo já encontrado", explica Heck em um comunicado à imprensa. O especialista define a matéria analisada como "autêntica poeira estelar" e ressalta que sua análise permite esclarecer como se formaram as estrelas em nossa galáxia, a Via Láctea.

Segundo sua equipe, os minúsculos “fragmentos de estrela” analisados ​​provêm de um astro que nasceu cerca de 7 bilhões de anos atrás, durante um período de intensa formação de estrelas. Esse material foi expelido por sua estrela. Primeiro, vagou sozinho pelo espaço interestelar e depois ficou sepultado dentro de um corpo de rocha, onde permaneceu preservado intacto por bilhões de anos. Essa rocha ou parte dela foi atraída pela força da gravidade da Terra, penetrou na atmosfera e se decompôs em todos os fragmentos do meteorito de Murchison que caiu na Austrália em 1969. Achar esses compostos foi um marco, já que a maior parte da poeira estelar depositada em meteoritos é destroçada pela pressão. Apenas cerca de 5% dos meteoritos conhecidos contêm material desse tipo, e sua abundância geralmente não excede algumas partes por milhão.

Esse material aponta para a origem do sistema solar antes mesmo de ele existir. “Os grãos de carboneto de silício estão entre os materiais mais refratários e resistentes que formam os meteoritos chamados condritos carbonáceos, como o de Murchison”, explica Josep M. Trigo, especialista em meteoritos no Instituto de Ciências do Espaços (IEEE-CSIC), em Barcelona. “O interesse deste trabalho é que os autores demonstram que a maioria desse tipo de grão pré-solar se formou em um tipo de estrela conhecida como ramo assintótico das gigantes. Isso reafirma um estudo anterior do nosso grupo que sugere que nosso Sol poderia ter se formado nas proximidades de estrelas desse tipo”, observa.

Fonte: El pais

Aurora de Saturno - NASA / JPL-Caltech / Space Science

Sonda 'Cassini' se posicionou entre o planeta e seus anéis

Os cientistas receberam e estão analisando as imagens finais enviadas pela sonda Cassini. A nave passou 13 anos orbitando Saturno durante sua missão, que terminou em setembro de 2017. Na última etapa de sua jornada, a sonda se posicionou entre o planeta e seus anéis. Essa aproximação possibilitou aos cientistas obter imagens das auroras ultravioletas de Saturno em alta resolução.

As auroras do planeta são geradas pela interação entre o vento solar, um fluxo de partículas energéticas emitidas pelo Sol, com o campo magnético de rotação rápida de Saturno. Elas se localizam nas regiões polares e são conhecidas por serem altamente dinâmicas, frequentemente pulsantes e intermitentes, respondendo a diferentes processos dinâmicos que ocorrem no ambiente de plasma do planeta.


Estudante da Lancaster University e principal autor da pesquisa, Alexander Bader disse que “muitas questões que giram em torno das auroras de Saturno permanecem sem resposta” mesmo após o sucesso da missão Cassini. Para o cientista, as imagens em close-up oferecem vistas altamente detalhadas, enxergando pequenas estruturas que não podiam ser vistas com outras observações da Cassini nem com o telescópio Hubble.

Somente com as imagens, dificilmente será possível desvendar todos os mistérios da aurora. As partículas energéticas que causam as luzes brilhantes, por exemplo, se originam muito longe da superfície do planeta, onde as linhas do campo magnético se distorcem e as nuvens de plasma interagem umas com as outras. Dependendo do posicionamento da Cassini, a sonda se incorporava ao fluxo de partículas que ligavam as auroras à magnetosfera.

A primeira análise das medições de partículas da espaçonave mostrou que as auroras de Saturno, assim como as de Júpiter, são geradas por partículas muito mais energéticas que as da Terra. No entanto, os mecanismos físicos parecem semelhantes nos três planetas.

Embora a missão da sonda Cassini tenha terminado, os dados fornecidos continuam cheio de surpresas, e vão a ajudar os pesquisadores a entender o funcionamento das auroras gigantes do planeta, especialmente em combinação com as observações da magnetosfera de Júpiter.

Via: Phys

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