Desde o início dos tempos, a tecnologia está presente na vida das pessoas para fazer com que as ações cotidianas fiquem muito mais simples. Veículos, métodos industriais e objetos pessoais tecnológicos tiveram melhorias no decorrer dos séculos. O mesmo se aplica aos itens militares, que vêm atingindo novos patamares com grande velocidade.
Se na Idade Média as guerras eram disputadas com espadas e catapultas, hoje é impossível que uma batalha seja vencida sem grandes blindados (os famosos “tanques de guerra”) ou armas de altíssimo alcance. E é claro que a indústria bélica não vai parar onde está atualmente, pois ainda há muito o que ser projetado e produzido para os exércitos.
E uma das grandes apostas para o futuro são as “balas” autoguiadas. Não mísseis que podem ser controlados remotamente, mas projéteis que sabem exatamente para onde devem ir — e sabem também como chegar ao local desejado sem serem interceptados. Quer saber mais sobre isso? Então confira nosso artigo sobre uma das grandes armas do futuro.
Os desafios para a criação da tecnologia
O grande desafio quando se pretende criar um tipo de equipamento bélico que possa ser autoguiado no caminho dos alvos é evitar que ele se perca nos direcionamentos. Por muitos anos, foi praticamente inimaginável realizar algo parecido com isso, pois a trajetória dos projéteis comuns é giratória, o que torna impossível redefinir um percurso — imagine a dificuldade em corrigir isso com o projétil rodando velozmente.
Por essa razão, um dos principais trunfos das “balas” autoguiadas — pelo menos das que foram criadas pela parceria entre Lockheed Martin e Forças Armadas dos Estados Unidos, as mostradas neste artigo — está na trajetória estável. O impulso é completamente gerado pelo armamento (assim como em projéteis comuns), mas o direcionamento pode ser corrigido pela própria munição.
Como funciona o projétil autoguiado?
Para entender melhor o sistema, você precisa ter em mente que estamos nos referindo a um projétil que trabalha com muitos recursos eletrônicos. Ao contrário das munições comuns, as autoguiadas possuem estruturas que não existiriam por padrão em um projétil. Isso inclui sensores ópticos, processadores e estruturas móveis que serão responsáveis pelo direcionamento.
Os armamentos em que as munições autoguiadas serão utilizadas contam com sistemas de mira por laser, pois é o feixe que fará com que o projétil identifique os alvos em que precisa chegar — essa identificação acontece por meio dos sensores ópticos instalados no “nariz” da “bala”. Depois que o gatilho é pressionado, tudo o que acontecer com a trajetória do projétil será comandado por ele mesmo.
Um processador de 8-bits instalado no interior da estrutura faz com que a rota seja alterada rapidamente — até 30 vezes por segundo —, garantindo que o alvo seja atingido, mesmo que esteja muito distante. Para essa alteração da rota, quatro aletas bem pequenas são movidas e interferem diretamente na aerodinâmica da munição.
Onde isso será utilizado?
Os testes realizados até agora têm sido feitos com munições de alto calibre, sendo compatíveis com metralhadoras .50 — armamentos pesados que geralmente ficam armazenados em aviões ou veículos e utilizados para causar danos a outros veículos, infantarias e aviões, por exemplo. Mas é bem possível que no futuro isso seja ampliado para outras armas, desde que alguns obstáculos sejam ultrapassados.
Projéteis do calibre já referido são ideais para os testes porque permitem a instalação de processadores e sensores sem muita dificuldade — são “balas” realmente grandes —, além de garantir que as aletas possuam dimensões suficientes para interferirem diretamente na trajetória da munição. Mesmo que no futuro esses componentes consigam ser menores, é difícil que armas menos potentes recebam esse tipo de munição.
Outro obstáculo que precisa ser ultrapassado é o valor gasto para a criação desse tipo de munição. Por possuir componentes eletrônicos, o custo de produção de um projétil autoguiado acaba sendo bem alto. Mas é claro que estamos falando de uma tecnologia recente e que ainda pode se tornar muito mais viável do que é atualmente.
Por que elas são importantes?
Como já dissemos, “balas autoguiadas” estão sendo desenvolvidas para que possam ser utilizadas em armamentos pesados e de alto calibre. Isso não deve ser utilizado para ataques diretos a soldados, mas sim a estruturas militares, como veículos, embarcações e aviões. Atingir os locais corretos é vital e pode garantir economia de munição, além de menos danos físicos às pessoas envolvidas.
Por isso, munições que garantam muito mais precisão podem ser realmente importantes. Mirando os projéteis em direção aos alvos por meio do feixe laser, é possível acertar objetos que estão distantes cerca de 800 metros do disparo. Uma das principais possibilidades disso está no fim do desperdício de projéteis — poucos são os tiros que realmente acertam alvos durante as guerras.
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É sabido que ainda vai demorar algum tempo até que as munições autoguiadas possam ser utilizadas em armamentos que realmente serão colocados em campos de batalha — ou seja, saindo dos campos de testes, como estão atualmente. Isso se algum dia elas vierem a se tornar reais, uma vez que o abandono da tecnologia também é uma possibilidade (isso acontece muito mais do que imaginamos).
Mesmo assim, é difícil não se impressionar com as possibilidades geradas por armamentos de alto calibre que podem disparar projéteis quase independentes em percursos de 800 metros entre arma e alvo. Certamente, ainda há muito o que ser corrigido na estrutura do projeto, mas, caso tudo isso se torne uma realidade, teremos guerras muito diferentes das que estamos acostumados.