Por que a Nokia pode sumir nos próximos anos
Erros em sequência colocaram a empresa finlandesa na contramão do mercado. Será que ainda há salvação para a Nokia?
Referência em telefonia. Se você acompanha a indústria tecnológica há alguns anos, basta ouvir o nome da finlandesa Nokia para associar a marca com produtos de qualidade e celulares de primeira linha. Até 2007, a empresa era uma das líderes de mercado em se tratando de smartphones, detendo aproximadamente 40% dos consumidores.
Naquela época, a Apple ainda não havia entrado no mercado de smartphones com o seu iPhone, e o sistema operacional Android era apenas uma promessa. Com o Symbian, a Nokia era uma verdadeira referência e motivo de orgulho para os proprietários de produtos da companhia.
Quase cinco anos depois, a situação da Nokia é bem diferente. A Apple, com o iPhone, e as demais empresas que adotaram o Android como sistema operacional praticamente dominaram o mercado, deixando a gigante finlandesa parada no tempo. Para se ter uma ideia do tamanho da queda, a antiga líder conta hoje com pouco mais de 1,5% do mercado norte-americano.
A derrocada não aconteceu da noite para o dia. A demora da empresa em se posicionar e abraçar um sistema operacional eficiente fez com que a companhia acabasse se tornando fragmentada. Hoje, é possível encontrar aparelhos da Nokia com nada menos do que três sistemas operacionais: Symbian, MeeGo e Windows Phone.
Não há como negar que o Symbian foi um bom sistema operacional. Na época do lançamento do Android e do iOS, ele ainda conseguia brigar em pé de igualdade, mas com a evolução dos concorrentes, o SO da Nokia foi ficando cada vez mais para trás, parado no tempo.
A relutância da empresa em adotar o sistema da Google e a incerteza quanto ao seu próprio futuro fez com que a companhia deixasse de investir no Symbian, apostando que iOS e Android não seriam tão fortes assim a ponto de praticamente eliminar do mercado um sistema já consagrado.
Sem novidades e com concorrentes cada vez mais aperfeiçoados, a Nokia gradativamente foi saindo do jogo. Embora seus aparelhos ainda estejam nas listas de desejos dos consumidores, já que a evolução de hardware não parou, o fator sistema operacional pesa na hora da compra: hoje um smartphone sem Android ou iOS está fora de cogitação para a maioria dos consumidores.
No início de 2011, a situação da Nokia estava ganhando contornos alarmantes. Assim, em fevereiro do ano passado, a empresa anunciou uma parceria inédita com a Microsoft, comprometendo-se a utilizar em seus aparelhos o Windows Phone como sistema operacional. A parceria poderia ser uma ótima alternativa para ambas as companhias.
De um lado, a Nokia, que apesar da queda ainda fabrica aparelhos de qualidade comprovada e é reconhecida pelos consumidores como uma marca respeitável. De outro, a Microsoft, que tem um sistema operacional novo e precisa colocá-lo no mercado da forma mais massificada possível. Mas como entrar em uma briga que parece se resumir a dois oponentes?
Quase um ano depois do anúncio, pouca coisa mudou. Alguns ótimos aparelhos com o Windows Phone foram anunciados e chegaram ao mercado, mas o barulho ainda não foi o suficiente para que a empresa finlandesa demonstrasse que recuperou o fôlego, pelo contrário. A apreensão por parte dos investidores ainda é grande.
Rumores de que a divisão de celulares seria comprada em definitivo pela Microsoft não param de surgir na imprensa especializada. Eldar Murtazin, analista do mercado de portáteis, afirma que uma proposta de compra por parte da empresa de Bill Gates não encontraria resistência nenhuma do corpo diretivo da Nokia. Os smartphones deixariam, inclusive, de contar com a marca da empresa finlandesa.
Ainda que não seja confirmada a venda da empresa, a Nokia está completamente nas mãos da Microsoft. E essa situação em que ela se encontra se deve exclusivamente às suas opções de gestão. A empresa decidiu não investir mais no Symbian, mas deve manter o suporte ao SO até 2016.
Com isso, ao menos entre os smartphones, todos os olhares passam a ser para o Windows Phone. Testado pela equipe do Tecmundo durante a CES 2012, o SO da Microsoft surpreendeu e é quase um consenso na imprensa especializada que a companhia finalmente acertou em um SO mobile.
Os rumos dos celulares Nokia-Microsoft devem ser definidos no próximo mês, durante o Mobile World Congress, que acontece na cidade de Barcelona, na Espanha. Steve Ballmer, CEO da Microsoft, vai anunciar o lançamento da versão Beta do Windows 8 e, possivelmente, as novidades que estarão presentes na próxima geração de smartphones com o SO da companhia. Para 2012, a Nokia prometeu ainda entrar no mercado de tablets, também sob a chancela da Microsoft, mas pouco se sabe sobre essa investida.
Ainda há tempo para salvação? Sim, no mercado de tecnologia tudo é possível. Entretanto, nos Estados Unidos a situação é calamitosa e é bem provável que a empresa seja mais bem-sucedida inicialmente em outros mercados, como a Europa e a América Latina. Por outro lado, um mau desempenho comercial do Windows Phone, independente de sua qualidade, pode pôr um fim de uma vez por todas às aspirações da companhia de voltar a ser grande.
Restará à Nokia a desagradável posição de mera coadjuvante no mercado de celulares, com a fabricação dos chamados “dumbphones”, aparelhos sem um SO repleto de funções. Será que a gigante finlandesa voltará ser grande outra vez? Só o tempo poderá dizer.
Referência em telefonia. Se você acompanha a indústria tecnológica há alguns anos, basta ouvir o nome da finlandesa Nokia para associar a marca com produtos de qualidade e celulares de primeira linha. Até 2007, a empresa era uma das líderes de mercado em se tratando de smartphones, detendo aproximadamente 40% dos consumidores.
Naquela época, a Apple ainda não havia entrado no mercado de smartphones com o seu iPhone, e o sistema operacional Android era apenas uma promessa. Com o Symbian, a Nokia era uma verdadeira referência e motivo de orgulho para os proprietários de produtos da companhia.
O tempo passa, o tempo voa
N95 foi um dos principais modelos de sua geração. (Fonte da imagem: Nokia)Quase cinco anos depois, a situação da Nokia é bem diferente. A Apple, com o iPhone, e as demais empresas que adotaram o Android como sistema operacional praticamente dominaram o mercado, deixando a gigante finlandesa parada no tempo. Para se ter uma ideia do tamanho da queda, a antiga líder conta hoje com pouco mais de 1,5% do mercado norte-americano.
A derrocada não aconteceu da noite para o dia. A demora da empresa em se posicionar e abraçar um sistema operacional eficiente fez com que a companhia acabasse se tornando fragmentada. Hoje, é possível encontrar aparelhos da Nokia com nada menos do que três sistemas operacionais: Symbian, MeeGo e Windows Phone.
Tudo por um sistema operacional
Não há como negar que o Symbian foi um bom sistema operacional. Na época do lançamento do Android e do iOS, ele ainda conseguia brigar em pé de igualdade, mas com a evolução dos concorrentes, o SO da Nokia foi ficando cada vez mais para trás, parado no tempo.
A relutância da empresa em adotar o sistema da Google e a incerteza quanto ao seu próprio futuro fez com que a companhia deixasse de investir no Symbian, apostando que iOS e Android não seriam tão fortes assim a ponto de praticamente eliminar do mercado um sistema já consagrado.
Sem novidades e com concorrentes cada vez mais aperfeiçoados, a Nokia gradativamente foi saindo do jogo. Embora seus aparelhos ainda estejam nas listas de desejos dos consumidores, já que a evolução de hardware não parou, o fator sistema operacional pesa na hora da compra: hoje um smartphone sem Android ou iOS está fora de cogitação para a maioria dos consumidores.
A aposta: Windows Phone
(Fonte da imagem: Nokia)No início de 2011, a situação da Nokia estava ganhando contornos alarmantes. Assim, em fevereiro do ano passado, a empresa anunciou uma parceria inédita com a Microsoft, comprometendo-se a utilizar em seus aparelhos o Windows Phone como sistema operacional. A parceria poderia ser uma ótima alternativa para ambas as companhias.
De um lado, a Nokia, que apesar da queda ainda fabrica aparelhos de qualidade comprovada e é reconhecida pelos consumidores como uma marca respeitável. De outro, a Microsoft, que tem um sistema operacional novo e precisa colocá-lo no mercado da forma mais massificada possível. Mas como entrar em uma briga que parece se resumir a dois oponentes?
Quase um ano depois do anúncio, pouca coisa mudou. Alguns ótimos aparelhos com o Windows Phone foram anunciados e chegaram ao mercado, mas o barulho ainda não foi o suficiente para que a empresa finlandesa demonstrasse que recuperou o fôlego, pelo contrário. A apreensão por parte dos investidores ainda é grande.
Rumores de que a divisão de celulares seria comprada em definitivo pela Microsoft não param de surgir na imprensa especializada. Eldar Murtazin, analista do mercado de portáteis, afirma que uma proposta de compra por parte da empresa de Bill Gates não encontraria resistência nenhuma do corpo diretivo da Nokia. Os smartphones deixariam, inclusive, de contar com a marca da empresa finlandesa.
Uma janela de esperança
Ainda que não seja confirmada a venda da empresa, a Nokia está completamente nas mãos da Microsoft. E essa situação em que ela se encontra se deve exclusivamente às suas opções de gestão. A empresa decidiu não investir mais no Symbian, mas deve manter o suporte ao SO até 2016.
Com isso, ao menos entre os smartphones, todos os olhares passam a ser para o Windows Phone. Testado pela equipe do Tecmundo durante a CES 2012, o SO da Microsoft surpreendeu e é quase um consenso na imprensa especializada que a companhia finalmente acertou em um SO mobile.
Os rumos dos celulares Nokia-Microsoft devem ser definidos no próximo mês, durante o Mobile World Congress, que acontece na cidade de Barcelona, na Espanha. Steve Ballmer, CEO da Microsoft, vai anunciar o lançamento da versão Beta do Windows 8 e, possivelmente, as novidades que estarão presentes na próxima geração de smartphones com o SO da companhia. Para 2012, a Nokia prometeu ainda entrar no mercado de tablets, também sob a chancela da Microsoft, mas pouco se sabe sobre essa investida.
Ainda há tempo para salvação? Sim, no mercado de tecnologia tudo é possível. Entretanto, nos Estados Unidos a situação é calamitosa e é bem provável que a empresa seja mais bem-sucedida inicialmente em outros mercados, como a Europa e a América Latina. Por outro lado, um mau desempenho comercial do Windows Phone, independente de sua qualidade, pode pôr um fim de uma vez por todas às aspirações da companhia de voltar a ser grande.
Restará à Nokia a desagradável posição de mera coadjuvante no mercado de celulares, com a fabricação dos chamados “dumbphones”, aparelhos sem um SO repleto de funções. Será que a gigante finlandesa voltará ser grande outra vez? Só o tempo poderá dizer.