(Reuters) - Escrito e dirigido por Andrew Niccol, responsável também por 'Gattaca - Experiência Genética', o filme 'O Preço do Amanhã' é uma aventura futurista que se rende à expressão 'tempo é dinheiro'. No mundo criado pelo cineasta, as pessoas negociam quanto tempo têm de vida como moeda. Quer ir de ônibus para o trabalho? Pague duas horas do seu dia ao motorista. Literalmente.
A situação leva a uma lógica robótica: ao completar 25 anos a pessoa para de envelhecer, mas um cronômetro em contagem regressiva (de um ano) é acionado no seu pulso. Não há como parar a contagem, mas é possível trabalhar para conseguir mais tempo como pagamento. Caso o relógio marque zero, o azarado morre imediatamente.
Muito perto dessa situação está Will Salas (Justin Timberlake), que vive contando minutos como operário de fábrica. Como vive na periferia, estranha ao ver Henry Hamilton (Matt Bomer), dono de séculos de vida, bebendo por ali. Quando o ricaço está prestes a ser morto por Fortis (Alex Pettyfer), Will consegue salvá-lo.
Quando estão fora de perigo, Henry revela ao protagonista algumas verdades sobre o mundo em que vivem e como aqueles que têm mais tempo controlam a vida dos que não o têm. Prevendo um futuro heroico para o seu salvador, Henry doa seus anos para que Will combata as injustiças daquele lugar.
Trata-se de uma luta de classes, em que existe o vilão milionário, Philippe Weis (Vincent Kartheiser), o policial a serviço do opressor, Raymond (Cillian Murphy), a vítima precoce do sistema, Rachel (Olivia Wilde) e a pobre menina rica, Sylvia (Amanda Seyfried), como par romântico do herói. Cada um com seu papel para Will conseguir mudar a economia.
Embora parta de um pressuposto interessante, o desenrolar desta história causa certo estranhamento pela falta de coerência. Simplesmente, não se entende como as pessoas não envelhecem, tal como pode ser questionada a falta de contemporaneidade deste futuro. Will trabalha visivelmente de forma obsoleta nos dias de hoje e ninguém parece ter acessórios mais evoluídos, principalmente eletrônicos, o maior sinal de futuro em qualquer obra.
Outro ponto de atenção é o pouco cuidado do roteiro com as personagens. Embora o ator Cillian Murphy seja competente, sua atuação não sobrevive ao desfecho de Raymond. O mesmo se pode dizer de Alex Pettyfer, um fio solto desta trama.
Com uma carreira em ascensão, o polivalente Justin Timberlake buscou em O Preço do Amanhã se lançar também como astro de filmes de ação. O caminho é muito natural para um artista tão assediado quanto ele. No entanto, é imprescindível escolher um bom projeto para chegar a esse propósito, diferentemente desta produção.
(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)