Em busca de votos e popularidade na internet, pré-candidatos nas eleições deste ano tentam adquirir perfis já consolidados nas redes sociais, o que pode ser considerado crime eleitoral. No Twitter, é possível encontrar comentários que relatam as propostas comerciais dos políticos. O Facebook também é alvo dos pré-candidatos. Empresas oferecem serviços que têm como objetivo popularizar a página do político por meio de anúncios na rede social.
Segundo Alberto Rollo, advogado especializado em direito eleitoral, a compra de perfis ou seguidores pode acarretar em problemas legais. "Se o candidato vai aumentar número de seguidores ou fãs de forma fraudulenta está havendo um descompasso com que a lei diz, pois ela não permite fraudes", afirmou Rollo.
"EXISTE O RISCO? EXISTE, MAS E DAÍ?", DIZ RESPONSÁVEL POR AGÊNCIA
Pelo Twitter, dois usuários falaram de propostas de compra de seus perfis na rede social para políticos e partidos. Encontrados pelo UOL, eles preferiram não comentar o caso e pediram para não ser identificados. Um deles, morador de Juazeiro do Norte (CE), cidade com cerca de 250 mil habitantes, tem 1.219 seguidores --até a publicação desta reportagem.
Por meio de uma ferramenta, usuários passam a seguir automaticamente perfis aleatórios e inflam o total de pessoas que recebem seu conteúdo e suas atualizações. Os "scripts" gratuitos, por sua vez, publicam automaticamente mensagens nas páginas de quem fez uso do recurso.
Candidato da Força
Uma dessas mensagens apareceu no Twitter do pré-candidato do PDT à Prefeitura de São Paulo, Paulinho da Força, mas logo em seguida foi apagada. O pré-candidato informou, por meio de assessoria de imprensa, ter conhecimento do texto publicado, mas garantiu que não houve uso dessas ferramentas.
Uso do Twitter pode dar multa a candidato
Em outro contato telefônico, agora com uma empresa especializada em marketing digital, o responsável pela empresa informou que são usadas estratégias para burlar as limitações da legislação e fazer anúncios no Facebook para popularizar a página do político. "Existe o risco? Existe. Estão reclamando? Estão. Tem um monte de gente reclamando, mas e daí?", declarou o funcionário que se apresentou como responsável pelo negócio.
Pacotes de usuários que podem virar fãs ou seguidores também são vendidos. Adquirir mais 10 mil pessoas na página custa R$ 290, por exemplo. Outra estratégia é criar perfis falsos, que passam a ser fãs das páginas dos políticos, gerando uma falsa popularidade das páginas.
Embora seja um método fácil de aumentar os números das páginas das redes sociais, as ações podem não trazer benefícios para quem as pratica, dizem especialistas.
Para Sandra Turchi, professora do curso marketing para marketing eleitoral, "não adianta ter uma base enorme de seguidores fictícia, que não são reais seguidores". De acordo com a especialista, o ideal é que o candidato se prepare meses antes do período eleitoral já fazendo ações e estabelecendo comunicação pelos perfis.
"Vender anúncios não é permitido. Em uma situação dessas, um candidato, coligação partido ou o Ministério Público podem entrar com uma representação junto ao TRE [Tribunal Regional Eleitoral] contra quem estiver fazendo isso e denunciando a campanha fraudulenta, desde que prove", afirma Rollo.
A multa por ações indevidas nas redes sociais variam de R$ 5 mil a R$ 25 mil. A propaganda eleitoral é permitida a partir de 6 de julho. Antes disso, manifestações em redes sociais podem ser consideradas como propaganda eleitoral antecipada e também acarretar em multas.
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