'Eu só conseguia comer abelha', diz idoso após 12 dias perdido na selva

A voz fraca e as feridas nos braços e nas pernas são os sinais visíveis do pesadelo vivido pelo engenheiro civil Gileno Vieira da Rocha, 65.

Ao longo de 12 dias, ele vagou perdido pela floresta amazônica e teve que comer até abelhas para sobreviver.

Gileno foi encontrado quase inconsciente à beira de um rio, no interior do Amazonas, na terça-feira (19). Dois dias antes, ele conta, já havia perdido as esperanças.

"A partir do décimo dia eu apenas andava e andava, pensando na minha mulher, nos meus filhos e netos. Mas já não achava que poderia ser resgatado", conta o engenheiro, que se recupera do trauma em casa, em Manaus.

A agonia de Gileno começou no dia 7 de agosto, em um vilarejo na zona rural do município de Apuí (Amazonas), que fica a 453 km de Manaus.

Às margens da rodovia Transamazônica, ele estava hospedado na Vila do Sucunduri, onde trabalhava na obra de um ginásio esportivo.

Gileno conta que, após se desentender com uma família do local, sentiu-se ameaçado e fugiu. Tomou duas caronas pela Transamazônica até deixar a rodovia, temendo que pudesse ser seguido. Foi então que entrou na floresta e se perdeu.

Após três dias, seus parentes avisaram a polícia, que iniciou as buscas. Enquanto isso, ele sobrevivia como podia.

Editoria de Arte/Folhapress



ABELHA E ÁGUA

Com a roupa do corpo, sem equipamentos de sobrevivência nem condição de fazer fogo, perdeu os sapatos nadando no rio e comia o que podia, como palmito.

"Meu medo era ataque de animais grandes ou peçonhentos, cobras, onças. Lá tem muito disso", diz ele.

Após quatro dias na selva, porém, ficou debilitado a ponto de não ter mais forças para morder.

"Eu só conseguia comer abelha e beber água. E foi assim do quinto dia até o último dia: abelha e água", recorda-se o engenheiro.

Foi picado muitas vezes. Descalço, teve os pés tomados por calos, bolhas e espinhos. Cortes, feridas e escoriações no corpo todo foram invadidos por tapurus, como são chamados os vermes.

Na selva, não tinha abrigo e sofria com o sol forte de dia.

Natural de Manicoré, a 332 km de Manaus, Gileno diz que usou o instinto de sobrevivência. Seguiu o curso de um igarapé até chegar a um rio.

Exausto, dormiu no chão. Quando acordou, viu um ribeirinho e gritou por socorro.

"Na penúltima noite, eu não me levantava mais. Então veio um passarinho e começou a assobiar e assobiar, e só aquietou quando me levantei e andei até o rio", diz.

Foi resgatado por bombeiros e policiais militares com desidratação e vários ferimentos. Estava desorientado e exausto, mas não corria risco de morrer.

Recebeu o primeiro atendimento ainda na vila, depois em Apuí, e no dia seguinte voou para Manaus.

De acordo com a polícia, o engenheiro caminhou por cerca de 30 quilômetros, mas, sem rumo, andou praticamente em círculos e foi localizado próximo ao local onde desapareceu.

A polícia diz que investigará o que motivou a saída apressada do engenheiro civil da Vila do Sucunduri, onde estava trabalhando.

"Eu adorava trabalhar na floresta, mas vou rever isso", diz Rocha, pai de cinco filhos e seis netos. "Vou sentar com minha família e dar um rumo novo na minha vida. Agora eu quero me dedicar a ela."

CBAM

O engenheiro Gileno Rocha recebe atendimento no AM




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