A banda larga popular existe desde 2011 e o governo afirma que o serviço cobre 80% do território nacional. A meta, segundo o Ministério das Comunicações, é atender todas as cidades do país até dezembro de 2014. São, no máximo, 35 reais por mês por uma conexão de 1 megabit por segundo de velocidade.
A oferta do Programa Nacional de Banda Larga é feita tanto pela Telebras e provedores parceiros quanto pelas concessionárias de telefonia fixa que assinaram termos de compromisso com o Ministério das Comunicações: Oi, Telefonica, Algar Telecom e Sercomtel. A ideia de inclusão digital e levar internet a todo o Brasil parece legal, mas será que funciona?!... Melhor, será que vale a pena?!...
Conversamos com três usuários da banda larga popular aqui em São Paulo, um em cada extremo da maior cidade do país. Na Zona Sul, mais próximo ao Centro, o Nicholas trocou recentemente sua conexão de 4 megabits por segundo pela oferta do governo. O outro plano, claro, era melhor, mas estava fora do seu orçamento.
"Eu consigo usar normalmente desde que tenha tempo, porque muitas coisas demoram. Por exemplo, não consigo assistir a dois vídeos ao mesmo tempo. Se a minha mãe estiver vendo algum filme na cozinha, eu tenho dificuldade no quarto. Muitas vezes fica devagar", explica Nicholas Barcellos, estudante.
Em casa, ele diz que só usa mesmo a internet para entretenimento e para se informar. E compartilha a conexão de um mega com a mãe e a irmã. Como desenvolvedor, se fosse usar a internet para trabalhar, diz que teria que contratar um serviço um pouco mais rápido e estável.
Já o Sandro vive com a mulher na Zona Leste da capital, em Itaquera. O casal é bastante conectado; além dos smartphones, eles têm um tablet, um PlayStation 3 e um notebook...tudo conectado.
Há um ano e meio com o serviço de banda larga popular, ele garante que nunca teve qualquer problema e que sempre que mediu a velocidade entregue estava próxima aos 100% do contratado. Mas por ser uma conexão de apenas um megabit por segundo, Sandro usa a internet racionalmente; os downloads ele deixa para fazer na madrugada e sabe também que não dá para usar todos seus dispositivos conectados ao mesmo tempo...
"Eu precisei me adaptar. Sabendo da limitação, já faço um planejamento. Então se estiver assistindo à Netflix no console, não consigo rodar o YouTube em outro aparelho, mas consigo assistir ao filme sem travar", diz Sandro Silva, analista de sistemas.
Mas nem todo mundo é assim contente com o serviço do Programa Nacional de Banda Larga. No outro extremo da cidade, em Pirituba, na Zona Oeste, Humberto vive um caso de amor e ódio com sua internet...
Aqui, a família do Humberto tem dor de cabeça com o serviço desde o início. Raramente ele consegue atingir a velocidade máxima de um megabit por segundo. No dia que o visitamos, os testes ficaram abaixo dos 300 kilobits por segundo e a conexão estava totalmente instável. E, sem conexão, o que resta é ter paciência...
"A velocidade oscila muito e já aconteceu de ficar sem internet em casa, então fui obrigado a usar o 3G para entregar um trabalho, já que não poderia dar a desculpa para o cliente de que não tenho internet em casa", afirma Humberto Rodrigues, tecnólogo.
Humberto é desenvolvedor de sites e diz que é praticamente impossível trabalhar de casa quando precisa. Aliás, com a qualidade do serviço que ele recebe é difícil fazer qualquer coisa. A filha dele, com apenas cinco anos, já é mais uma frustrada com o serviço de banda larga popular.
"A gente vai ao YouTube, que é uma ferramenta legal para isso, e ela fica frustrada porque a gente coloca um desenho que logo trava", exemplifica Humberto Rodrigues, tecnólogo.
Se reclamar adiantasse, o serviço aqui na casa dele já seria uma maravilha. O Humberto já perdeu as contas de quantas vezes precisou chamar os técnicos da provedora para tentar resolver seu problema. Mas, segundo ele, talvez seja mais fácil mudar de casa e ir para outro lugar onde a internet funcione melhor.
"No trabalho, eu sou até motivo de piada porque um colega brinca que a rua dele conta com serviço de fibra (óptica)", conta Humberto Rodrigues, tecnólogo.
Bom, é fácil e notório perceber que a banda larga popular não consegue agradar a todos. Mas se o município estiver na lista de cidades atendidas e o cidadão não conseguir ter acesso ao serviço (com qualidade), é importante também entrar com uma reclamação na Anatel. A agência conta com um sistema de intermediação com as operadoras.
Se a qualidade do serviço varia tanto assim, resolvemos colocar esses 35 reais na ponta do lápis para ver se realmente vale a pena. Para nossa surpresa e indignação, descobrimos que o governo cobra caro simplesmente por fazer chegar uma conexão de velocidade mínima aceitável em lugares afastados dos grandes centros onde a banda larga popular se torna opção única. Para entender melhor: por exemplo, em locais as operadoras já oferecem conexão por fibra ótica, o preço por “megabit por segundo” varia entre 60 centavos e 5 reais! E se formos ainda comparar a mesma tecnologia, por conexão ADSL, a média de preço por “megabit por segundo” fica em torno de 4 reais – bem abaixo dos 35 reais cobrados pelo governo. Conclusão: a banda larga popular até pode ser interessante por chegar a lugares onde outros serviços de internet não chegam, mas custa caro e está longe de ser uma grande medida de inclusão digital; tire suas próprias conclusões.
E você, o que acha dessa história? Concorda que tem gente pagando muito por pouco? Usa a banda larga popular? Conte pra gente também sua experiência com este serviço. Acesse olhardigital.com.br e alimente mais essa discussão no nosso fórum. E se você precisar reclamar, nós separamos o link do Portal do Consumidor junto ao texto que acompanha este vídeo no nosso site. Participe e exija seus direitos!
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