O carro que o governo incentiva

Novas regras para a indústria automobilística querem estimular as montadoras a fabricar veículos melhores e mais baratos. Será que isso realmente vai acontecer?
Amauri Segalla



LINHA DE MONTAGEM

Para a Anfavea, mudanças devem fazer com que os investimentos
da indústria aumentem de R$ 44 bilhões para R$ 60 bilhões

Por mais que a indústria automotiva brasileira tenha se tornado, nos últimos anos, uma das mais robustas do mundo (o País já é o quarto mercado global), é inegável que, para os consumidores, o setor ainda está muito distante do ideal. Dois entraves históricos continuam a incomodar os motoristas: a defasagem tecnológica e os preços elevados. Na quinta-feira 4, o governo anunciou uma série de medidas que, teoricamente, tenta combater esses problemas. Pelas regras do novo regime automotivo nacional, que passa a valer a partir do ano que vem, para obter desconto de até 30 pontos percentuais no IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados) as montadoras precisam tornar seus veículos mais eficientes. Só vai obter as vantagens tributárias quem cumprir limites de gasto de combustível por quilômetro e as empresas que destinarem um percentual fixo do faturamento para atividades como pesquisa e capacitação de funcionários. Segundo cálculos da Anfavea, a associação das empresas do setor, até 2015 as mudanças devem fazer com que os investimentos da indústria aumentem dos R$ 44 bilhões previstos para R$ 60 bilhões. “O novo regime ajudará a indústria automobilística a se modernizar”, diz o ministro da Fazenda, Guido Mantega.



NA DIREÇÃO

Presidente da chinesa Chery no Brasil, Luis Curi diz que medidas
estimulam a empresa a aumentar seu investimento no País

O carro que o governo quer incentivar não existe no mercado brasileiro. No quesito consumo de combustível, as metas impostas pelo novo plano estão muito distantes da realidade. Para obter o desconto no IPI, os automóveis precisam rodar 17,26 quilômetros por litro com gasolina ou 11,96 quilômetros por litro com etanol. Em 2012, o modelo mais eficiente na relação performance/consumo é o Fiat Mille Economy, que faz 12,7 quilômetros com um litro de gasolina. Os benefícios fiscais também vão premiar montadores que investirem em segurança. Um dos itens que a medida prevê tornar obrigatório para quem deseja um alívio no IPI é o sistema de controle de estabilidade ESC, que evita capotamentos. Hoje em dia, o ESC é raro em carros que custam menos de R$ 60 mil. O plano ainda prevê facilidades tributárias às montadoras que aumentarem os índices de nacionalização ou que executarem no Brasil pelo menos seis das 12 etapas de produção de um automóvel. Esses últimos dois pontos causam polêmica. No mesmo dia do anúncio do pacote, porta-vozes da União Europeia declararam que as medidas “perpetuam barreiras” e que pretendem protestar na Organização Mundial do Comércio (OMC). Outra chiadeira partiu dos importadores. “O tratamento continua a ser diferenciado para o carro nacional e o importado”, diz Ricardo Strunz, diretor-financeiro da Abeiva, a Associação das Empresas Importadoras.



As montadoras comemoraram as medidas. “O novo regime é positivo, porque cria um desafio para as empresas”, diz Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford Brasil. Segundo ele, o pacote estimula a competitividade. Para alcançar as metas de eficiência impostas pelo governo, as companhias terão que investir e inovar – os que não fizerem isso serão condenados pelo mercado. Quem está chegando também considera positiva a iniciativa do governo. A chinesa Chery constrói, ao custo de US$ 400 milhões, uma fábrica em Jacareí, no interior de São Paulo, com previsão de inauguração para o final de 2013. Presidente da Chrey no Brasil, Luis Curi diz que as mudanças anunciadas na semana passada vão estimular a empresa a aumentar seu investimento no País. “Temos condições de nos preparar para atender a todas as novas regras”, diz Curi, que planeja também a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento no País. Resta saber se os consumidores serão realmente beneficiados com carros melhores e mais baratos.

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