Fãs veteranos e filhos curtiram ‘baile da saudade’ anos 1980 nesta terça.
Trio norueguês tocou hits e teve ‘air teclado’, como no Rock in Rio.

Cauê MuraroDo G1, em São Paulo
Morten Harket, vocalista do A-ha, improvisa palma com dancinha e anima o público do Espaço das Américas, em São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)

Em 1985, quando lançou seu disco de estreia, oA-ha fazia os fãs dançarem e as garotas balançarem os cabelos gritando “lindo!” para o vocalista Morten Harket.

Passados 30 anos, pouquíssima coisa mudou: os fãs estão mais experientes e meio desajeitados, mas ainda dançam (como se não houvesse nem amanhã nem 2015) e tocam teclinhas imaginárias de “air teclado” (releitura própria do “air guitar”).

E as garotas viraram senhoras com penteados um pouco mais imóveis e loiros, mas ainda gritam “lindo!”, agora acrescentando um “continua bonitão, não?” a respeito do cantor de 56 anos de idade.

Na noite desta quarta-feira (14), na passagem da turnê por São Paulo, onde fez show lotado no Espaço das Américas, o trio norueguês promoveu um aprovadíssimo baile da saudade versão anos 1980. Na plateia, casais e mais casais acompanhados dos filhos, muitos já adultos, mas também adolescentes e crianças.

Morten Harket, vocalista do A-ha, estica o microfone para o público (Foto: Fábio Tito/G1)

Músicas novas

Provando que não é museu para viver de passado (e nem o Rolling Stones ou o Guns N’ Roses), a banda até mostrou material do álbum mais recente, “Cast on steel”, lançado agora em setembro, como a faixa-título e uma versão acústica de “Under the make up”.

Mas não tem jeito: o povo quer é cantar junto os hits antigos – e o catálogo synth pop cheio de teclados do A-ha dá e sobra para segurar a apresentação de cerca de uma hora e meia.

Antes do obrigatório número de encerramento, com “Take on me”, vieram “I’ll be losing you”, “Stay on these roads”, “Crying in the rain”, “Hunting high and low”, “You are the one”, “The sun always shines on TV” e “The living daylights” – as duas últimas no bis.

Morten Harket, vocalista do A-ha, sorri para dianteda reação do público no Espaço das Américas,
em São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)

Calor fez Morten tirar jaqueta

Renderam coro, lágrimas e suor. Estava bastante quente por ali, a ponto de Morten Harket dispensar a jaqueta de couro marrom bem no comecinho.

Naqueles primeiros 30 minutos, o grupo, e sobretudo o cantor, sofreram com o som embolado. As versões estavam pesadas (até onde o A-ha pode ser pesado), com destaque para a guitarra de Paul Waaktaar-Savoy, e isso era bom.

Só que a voz ficava sufocada e, durante pelo menos uma meia dúzia de músicas, Harket ficou apontando na direção da mesa de som. Mas como Morten Harket é Morten Harket, tudo era feito com discrição e elegância, dava mesmo para notar.

Em dado momento, ele gesticulou insistentemente e juntou as mãos, como se estivesse rezando, não se sabe se para agradecer ou para implorar. Fato é que deu certo: alguém trouxe um microfone novo. E aí a coisa andou.

Harket é bom cantor e merece pelo menos um crédito: despertar aquela vontade incontrolável que os fãs do sexo masculino têm de se atrever nos falsetes. Os dele ainda vão muito bem, obrigado, assim como os graves.

Público se empolga com o início do show da banda norueguesa A-ha, que se apresenta no Espaço das Américas, em São Paulo, com os integrantes originais Morten Harket (vocalista), Magne Furuholmen (tecladista) e Pål Waaktaar (guitarrista) (Foto: Fábio Tito/G1)

Galã cool

Além disso, sua postura de galã cool, assim como ocorreu no Rock in Rio, mereceu elogios. Sem falar muito e com raros sorrisos, o líder sabe das coisas. Tanto é que, sempre parava em alguma das extremidades do palco, fazia pose de estátua (nórdica), fechava os olhos, abria os braços e aguardava os berros. Esperto, carregava óculos de grau no bolso direito do jeans, mas usava só de vez em quando.

Tirando a chateação inicial, o A-ha ao vivo não decepcionou quem está habituado a ouvi-los em discos de vinil e fita k-7. E a banda, que ao vivo tem reforço de um baterista, um tecladista extra e um baixista, não precisa apelar para declarações de amor recorrentes. 

Morten Harket, do A-ha (Foto: Fábio Tito/G1)

O departamento de relações públicas é chefiado pelo tecladista principal e membro fundador, Magne Furuholmen. Com conhecimentos elementares do idioma nativo, é praticamente o único a falar com o público, mas sem exageros. 

Lá embaixo, senhoras e senhores agradeciam. Mas nem só de grisalhos era feito o público. Em “Hunting high and low”, uma garotinha subiu nos ombros do pai para cantar a música inteira. Ao escutar os acordes iniciais, um fanfarrão ali perto fez graça: “Essa é da minha época”. O A-ha, que não sem motivo costumava ceder músicas para antigas propagandas de TV, virou atração “para toda a família”.

Depois do show em São Paulo, o A-ha toca nesta quinta-feira (15) em Curitiba. Na turnê pós-Rock in Rio, o trio passou ainda por Belém, Brasília, Recife e Fortaleza.

A banda norueguesa A-ha se apresenta no Espaço das Américas, em São Paulo, com os integrantes originais Morten Harket (vocalista), Magne Furuholmen (tecladista) e Pål Waaktaar (guitarrista), além de músicos de apoio (Foto: Fábio Tito/G1)

Pål Waaktaar, guitarrista do A-ha, no show no Espaço das Américas, em São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)

Magne Furuholmen, tecladista do A-ha, no show no Espaço das Américas, em São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)

Público se empolga com o início do show da banda norueguesa A-ha, que se apresenta no Espaço das Américas, em São Paulo, com os integrantes originais Morten Harket (vocalista), Magne Furuholmen (tecladista) e Pål Waaktaar (guitarrista) (Foto: Fábio Tito/G1)