Os noruegueses fizeram a terceira apresentação no estado, com hits como Take on me, The sun always shines on TV e Hunting high and low

Morten cumprimentou a plateia em português e se despediu com "We love you!". Foto: Felipe Ribeiro/Divulgação

Para os fãs que acompanham, desde a década de 1980, a carreira do A-Ha, a possibilidade de separação dos noruegueses é uma constante. E de retorno também. Dissolveram o grupo temporariamente em meados da década de 1990, quando o vocalista Morten Harket decidiu engatar carreira solo, mas logo retomaram as atividades, no ano 2000. Em 2010, anunciaram novo término, após a turnê Ending On A High Note. Os músicos concederam, na época, diversas entrevistas a jornais internacionais descartando qualquer possibilidade de retomada - o tecladista Magne Furuholmen chegou a declarar mais provável o retorno do grupo ABBA aos palcos. 

Até que, neste ano, Morten Harket (vocal), Magne Furuholmen (teclado) e Paul Waaktaar (guitarra) anunciaram a volta à ativa, com o álbum Cast in steel, engatando nova turnê. Depois de ovacionada no Rock in Rio, a Cast in Steel Tour chegou nesta quinta-feira (08) a Pernambuco, no Classic Hall, em Olinda. Em uma hora e meia de show, o A-Ha contemplou os principais hits que lhe garantiram mais de 35 milhões de discos vendidos desde o início da trajetória.

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Os ingressos, que custavam entre R$ 60 e R$ 200, começaram a ser vendidos em julho deste ano e estavam esgotados antes que os noruegueses subissem ao palco, às 23h30. Na primeira sequência de músicas, antes do breve cumprimento de "Boa noite, Recife!" (em português), mesclaram sucessos como I've been loosing you e lançamentos, como Cast in steel, que dá nome ao último disco. Foram acompanhados em coro pela plateia - predominantemente composta por fãs na faixa entre os 30 e os 40 anos - na maior parte do repertório. Under de makeup, primeiro single lançado de Cast in steel - 19ª música da noite, mais melódica - provou que o público presente acompanhava a carreira dos ídolos: embora fosse uma composição recente, foi cantada em uníssono. 

Além de hits como Take on me, faixas do disco mais recente, Cast in steel, entraram no repertório. Foto: Felipe Ribeiro/Divulgação

No palco, o A-Ha seguiu roteiro semelhante ao de separações na vida real: chegaram a sair de cena duas vezes, retornando em seguida, após aplausos e pedidos dos fãs. A primeira saída ocorreu à 0h45, após Soft rains of april. Cinco minutos depois, Magne, Paul e Morten subiram novamente ao tablado, com The sun always shines on TV. Nesse momento, televisões analógicas foram projetadas no telão ao fundo do palco, exibindo imagens de pontos turísticos da capital pernambucana, como a Rua da Aurora, a Ponte de Ferro e a Praia de Boa Viagem.

Uma nova despedida ocorreu à 1h da madrugada, antes que os noruegueses entrassem novamente em cena e encerrassem o show com a aguardada Take on me. Até mesmo os arranjos instrumentais foram "cantados" pela plateia. Essa foi a terceira passagem do grupo por Pernambuco - a primeira foi em 1991, a segunda, em 2010 - e a sexta pelo Brasil. 

Fãs esgotaram ingressos para a apresentação. Foto: Felipe Ribeiro/Divulgação

Entre momentos mais românticos - quando os inúmeros casais presentes se abraçavam para dançar a dois - e as faixas mais dançantes, o A-Ha conseguiu desempenho vocal e instrumental superior ao do último show na cidade, quando Morten já estava quase sem voz ao fim da turnê Ending On A High Note. O feedback do público foi o mesmo das visitas anteriores, já esperado. Falhas no retorno de áudio pareceram incomodar o vocalista em alguns momentos, mas não chegaram a prejudicar o andamento do show. Um atraso de alguns segundos entre o que ocorria no palco e as imagens projetadas nos telões deixou a sensação de playback em algumas faixas, especialmente em The swing of thing, graças à impressão de descompasso entre o som e as palavras articuladas por Morten na imagem das telas. 

Luciana Costa ficou
junto à grade durante 
o show. 
Foto: Larissa LIns/DP/DA Press


Durante toda a performance, a qualquer sinal de rebolado ou demonstração de carinho por parte do vocalista, vestido de preto e usando óculos, se ouvia gritos histéricos entre os fãs. No gargalo do palco, cartazes, faixas, máscaras e bandeiras da Noruega declaravam a adoração aos ídolos. Smartphones estavam em punho a todo momento, filmando sobretudo os hits de maior sucesso. Luciana Costa, uma das fãs posicionada na grade que separava os setores da pista e pista premium, declarou, ao fim da noite, que o show fora maravilhoso, conforme as expectativas. "Tocaram tudo que eu esperava!", comemorou, se referindo ao setlist que englobou, entre outras, Crying in the rain, The sun always shines on TV, You are the one e, evidentemente, Take on me. "Muito obrigado a todo mundo! Thank you so much! We love you!" foram as palavras de despedida da banda, que encerrou o show à 1h10 desta sexta-feira (09).


Marcos Antônio Júnior com parte
 do grupo que o acompanhou. 
Foto: Larissa Lins/DP/DA Press

Marcos Antônio Júnior, fã que assistiu ao show acompanhado de outras sete pessoas, todos devidamente vestidos com camisas estampadas com a banda, aprovou o show. "Sempre sentimos que faltaram alguns hits, mas não dá para contemplar tudo nesse tempo. Foi ótimo!", disse. "O único defeito é que há pouca oferta de bebidas alcóolicas na casa, poucas opções", se queixou. Nos bares, eram vendidos somente produtos Skinchariol. O tônico mais barato, água mineral, custava R$ 5. 

Na saída do Classic Hall, mais de uma hora após o encerramento do show, dezenas de pessoas ainda disputavam os táxis que cruzavam a Av. Agamenon Magalhães - além da pouca oferta de veículos, muitos motoristas se negavam a fazer percursos curtos. Embora algumas viaturas policiais circulassem pelo local, a má iluminação nos arredores da pista preocupava alguns grupos de pessoas que não quiseram se identificar à reportagem. Alguns metros à frente, na mesma via, uma blitz da Operação Lei Seca já apreendia os veículos cujos condutores houvessem consumido bebida alcoólica durante o show.