02/19/15

Teodorín Obiang, filho do ditador Teodoro Nguema Obiang, da Guiné Equatorial  


Quando Ali Bongo assumiu a presidência do Gabão, quatro anos atrás, a Embaixada dos EUA em Libreville reportou a Washington um roubo de R$ 84 milhões (€ 28 milhões) no Banco Central regional, que atende a oito países da África Central.

Os diplomatas americanos registraram em documento - disponível nos arquivos do WikiLeaks - a versão corrente na época: o ditador gabonês Omar e seu herdeiro Ali foram os beneficiários, e usaram parte dos recursos para financiar partidos políticos franceses, apoiando inclusive o então presidente da França, Nicolas Sarkozy.

A quantia roubada era equivalente a 5% do capital do banco. E dez vezes maior que o valor do perdão da dívida do Gabão com o Brasil proposto pela presidente Dilma Rousseff ao Senado.

O caso enfureceu governantes sócios dos Bongos no Banco dos Estados da África Central. Todos se sentiram roubados. A família Obiang, que governa a Guiné Equatorial, exigiu mudanças na direção e na forma de operação do banco.

Ontem, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo comemorou 34 anos no poder. Aos 71 anos de idade, ele é o mais antigo ditador africano em atividade.

Obiang comanda um país cuja riqueza subterrânea, em petróleo, contrasta com a plena miséria da superfície: sete de cada dez habitantes (600 mil) sobrevivem com renda inferior a US$ 2 por dia, segundo o Banco Mundial.

Apenas 44% da população da Guiné Equatorial têm acesso à água potável e a desnutrição impera entre 39% das crianças com menos de 5 anos. O presidente, no entanto, se destaca entre os oito governantes mais ricos do planeta, segundo a revista “Forbes”.

A Guiné Equatorial tem uma dívida de R$ 27 milhões (US$ 12 milhões) pendente há duas décadas com o Brasil. O governo Lula chegou a anunciar sua liquidação, com anistia, mas não concretizou. A presidente Dilma Rousseff decidiu renegociá-la com anistia.

No centro do interesse brasileiro estão petróleo e contratos de obras que fizeram o fluxo de comércio entre o Brasil e a Guiné Equatorial se multiplicar, saltando de US$ 3 milhões em 2003 para cerca de US$ 700 milhões no ano passado. Nesse período, o ditador Obiang tornou-se um “caro amigo” para o ex-presidente Lula. E personagem relevante aos olhos da presidente Dilma, para quem “o engajamento com a África tem um sentido estratégico”.

Auxílio a acusado de genocídio
Para o clã Obiang, a anistia financeira do Brasil não tem qualquer significado, além de uma espécie de aval político a uma ditadura contestada na ONU e sob investigação em tribunais da Europa e dos Estados Unidos.

Para os Obiang, uma quantia de R$ 27 milhões (valor da dívida com o Brasil) é dinheiro de bolso. Teodorín, filho mais velho e virtual sucessor do ditador, gastou o dobro disso numa única noitada de compras na Christie’s, em Paris. Foi durante o leilão da extraordinária coleção de arte de Yves Saint Laurent e Pierre Bergé, em 2009 - informou o Departamento Antilavagem do Ministério das Finanças da França em relatório aos juízes parisienses Roger Le Loire e René Grouman.

Parte dos lotes que Teodorín arrematou incluía obras de Rodin, Degas e Monet. Elas foram apreendidas pela Justiça no final do ano passado. A polícia levou, também, peças de mobiliário avaliadas em R$ 117 milhões (US$ 52 milhões) e uma coleção de carros (sete Ferrari mais alguns Bentley, Bugatti Veyron, Porsche Carrera, Maybach Mercedes, Aston Martin, Maserati e Rolls-Royce).

O “tesouro”, como ficou registrado no boletim de ocorrência, estava em uma das residências do herdeiro Obiang em Paris - a mansão número 42 da avenida Foch (distrito 16), com 101 ambientes distribuídos em seis andares. Alguns dos veículos foram leiloados no mês passado.

No final do ano passado, a Justiça francesa mandou prender Teodorín por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele recorreu, mas a decisão foi mantida. No último carnaval esteve em Salvador, mas não foi preso: a polícia alegou que não sabia de sua presença na capital baiana e nem mesmo do pedido de prisão na França.

Com movimentos limitados também está Omar al-Bashir, 69 anos de idade, dos quais 24 no governo do Sudão. Ele foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional, das Nações Unidas, por genocídio. Recorreu, mas a sentença foi confirmada no ano passado.

Bashir suprimiu os partidos políticos, censurou a imprensa e dissolveu o Parlamento. Autonomeou-se líder do Conselho Revolucionário para a Salvação Nacional, e também chefe de Estado, primeiro-ministro e chefe das Forças Armadas. É o ditador de um país cuja superfície é pobre, mas cujo subsolo tem promissoras reservas de petróleo.

O Sudão tem uma dívida de R$ 98 milhões (US$ 43,5 milhões) com o Brasil. O governo informou ao Senado que pretende perdoar 90% do total - ou seja, uma anistia de R$ 88,2 milhões (US$ 39,2 milhões).

Para Bashir, isso equivale a uma dádiva financeira e política. Ele é o primeiro presidente da República no exercício da função a se tornar o alvo de um mandado internacional de prisão por genocídio. O apoio do governo Dilma Rousseff foi, até agora, um dos raros gestos de solidariedade que recebeu neste ano.

(Agência O Globo)

Cataratas do Niágara 
O inverno rigoroso que atinge os Estados Unidos e o Canadá mudou a paisagem das Cataratas do Niágara, localizadas na fronteira entre os países. Nesta semana, após a região ter passado por temperaturas que beiraram os 20 graus negativos, o conjunto de quedas d’água ficou parcialmente congelado. 

O clima no hemisfério norte pode até ter trazido transtornos em várias cidades, especialmente nos EUA (como em Boston), mas certamente contribuiu também para o surgimento de cenas extraordinárias na natureza. 

Confira nas imagens.









Reuters

Grupo Ciencias Planetarias (GCP) - UPV/EHU 

Cientistas trabalham para determinar a natureza e a causa das névoas usando os dados do Hubble, em combinação com as imagens tiradas por amadores 

Astrônomos amadores observaram uma enorme névoa saindo da superfície de Marte, deixando os cientistas intrigados. As informações são da Agência Espacial Europeia (ESA). 

Em duas ocasiões distintas, em março e abril de 2012, astrônomos amadores relataram características de ‘nuvens’ em desenvolvimento no planeta. Em ambas as ocasiões, as nuvens foram vistas chegando a altitudes de mais de 250 km acima da mesma região de Marte. 

Nenhuma das naves espaciais na órbita de Marte captou as nuvens por causa de sua visão geométrica e das condições de iluminação no momento. 

No entanto, ao verificar imagens arquivadas do Telescópio Hubble feitas entre 1995 e 1999 – e de bases de dados de imagens amadoras abrangendo 2001-2014 – foram vistas nuvens ocasionais na borda de Marte, embora normalmente só até 100 km de altitude. 

Um conjunto de imagens do Hubble de 17 de maio de 1997 revelou uma névoa anormalmente grande, semelhante àquela vista pelos astrônomos amadores em 2012. 

Agora, os cientistas trabalham para determinar a natureza e a causa das névoas usando os dados do Hubble, em combinação com as imagens tiradas por amadores. 

"Uma ideia que discutimos é que a névoa é causada por uma nuvem reflexiva de gelo de água, gelo de dióxido de carbono ou partículas de poeira, mas isso exigiria desvios excepcionais dos modelos de circulação atmosférica padrão para explicar as formações de nuvens em tais altitudes elevadas", disse Agustin Sanchez-Lavega, da Universidad del País Vasco, na Espanha, autor principal do artigo que apresenta os resultados na revista Nature. 

"Ooutra ideia é que elas estejam relacionadas com uma emissão de aurora, e na verdade foram anteriormente observadas nestes locais, ligadas a uma região conhecida sobre a superfície onde existe uma grande anomalia no campo magnético da superfície", acrescenta Antonio Garcia Munoz, coautor do estudo da ESA.

Karen Carneti, de INFO Online

Nelson Almeida/AFP
Cantareira: o nível do maior sistema de São Paulo subiu 0.6 ponto porcentual, nesta quarta, chegando a 8,9% da capacidade

Fabio Leite, do Estadão Conteúdo

São Paulo - Mesmo com o fevereiro mais chuvoso em 9 anos, o Sistema Cantareira tem recebido um volume de água 46% abaixo da média histórica para o mês.

Boletim da Agência Nacional de Águas (ANA) mostra que a entrada de água nos reservatórios ainda está 30,5 mil litros por segundo menor do que o esperado, resultado do "efeito esponja" provocado pelo solo seco.

Essa diferença corresponde ao dobro do que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) tem retirado para abastecer cerca de 6,5 milhões de pessoas na região metropolitana.

Até a quarta-feira, 18, o manancial registrou uma vazão afluente média (água que entra) de 34,9 mil litros por segundo, volume 310% maior do que o registrado no mês passado e em fevereiro de 2014, quando o índice foi de apenas 8,5 mil litros por segundo em cada um.

Em tempos de seca extrema nos reservatórios, o dado parece animador, mas ainda está longe da normalidade do chamado ciclo hidrológico do manancial. A vazão esperada para fevereiro é de 65,4 mil litros por segundo, a mais alta do ano.

O nível do maior sistema de São Paulo subiu 0.6 ponto porcentual, nesta quarta, chegando a 8,9% da capacidade, incluindo duas cotas do volume morto, água represada abaixo dos túneis de captação. Foi o 13º aumento consecutivo, e o maior desde o dia 11 de janeiro de 2013.

Apesar disso, o Cantareira registrou a menor alta ontem entre todos os sistemas que abastecem a Grande São Paulo. Alto Tietê e Guarapiranga, por exemplo, subiram 1,1 e 0,7 ponto porcentual, respectivamente, segundo a Sabesp.

Parte da recuperação do Cantareira, que sofria quedas mensais desde maio de 2013 e retomou o nível de novembro, deve-se ao aumento das chuvas.

Até ontem, a pluviometria acumulada era de 257 milímetros, 29% acima da média para todo o mês, que é de 199,1 milímetros.

A dez dias para o fim de fevereiro, o volume é o maior registrado neste mês no manancial desde 2006, quando choveu 283,4 milímetros. No ano passado, foram 73 milímetros.

"O dado positivo é que as chuvas voltaram, mas não adianta ficar muito empolgado porque, em relação à vazão afluente, ainda estamos muito abaixo da média. O que podemos dizer, desde que tenhamos essa sorte em março e abril, é que há chance de nos livrarmos do rodízio radical e de não precisarmos usar o terceiro volume morto. Mesmo assim, começaríamos 2016 pior do que no ano passado", explica o engenheiro civil José Roberto Kachel, especialista em hidrologia.

Corte

As chuvas, contudo, não teriam o menor impacto não fosse a redução de 66% do volume de água retirado do Cantareira pela Sabesp para abastecer a Grande São Paulo, além de mais 5,5 milhões de pessoas nas regiões de Campinas e Piracicaba.

Há um ano, a captação era de 32,6 mil litros por segundo, e, agora, caiu para 11 mil litros por segundo. Com isso, o manancial terá superávit pela primeira vez em 22 meses.

O resultado, contudo, tem sido obtido mediante uma redução drástica da pressão da água e fechamento de 40% da rede, provocando longos cortes no abastecimento, como na casa de Maria Aparecida Terra, de 40 anos, no Jaçanã, zona norte da capital, onde a água não chega desde domingo.

"Tem idosos, doentes e crianças no local e estamos preocupadíssimos, pois nossa pouca reserva está quase zerada", disse.

A Sabesp afirma que está reavaliando as áreas de redução da pressão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Tânia Rêgo/ABr
Caixa: agência recebeu 953 críticas

Célia Froufe, do Estadão Conteúdo

Brasília - A Caixa Econômica Federal voltou a liderar, pelo segundo mês consecutivo, a lista do Banco Central de instituições que receberam o maior volume de reclamações de usuários de seu serviço em relação ao total de clientes.

Até então, desde que o BC reformulou a metodologia, o BMG se posicionava na primeira colocação, mas saiu do rol, que considera apenas casas com mais de 2 milhões de clientes, porque sua carteira diminuiu nos últimos meses.

De dezembro para janeiro aumentou o índice da instituição estatal de 10,84 pontos para 12,78 pontos, de acordo com o ranking do BC.

A Caixa, que tem pouco mais de 74,5 milhões de clientes, recebeu 953 críticas no mês passado consideradas procedentes pela autarquia.

Em novembro, a instituição estava na terceira posição, com 8,42 pontos. Todas as instituições são avaliadas pelo BC pelo seu conglomerado.

A maior quantidade de queixas contra a Caixa voltou a ser no quesito "irregularidades relativas à integridade, confiabilidade, segurança, sigilo ou legitimidade das operações e serviços".

O segundo ponto que mais deixou os clientes irritados foi o débito em conta de depósito não autorizado pelo cliente.

A segunda instituição entre as que possuem mais clientes com o maior índice em janeiro, de 10,99 pontos, foi o HSBC. O banco de origem inglesa, que tem quase 10,2 milhões de clientes, aparecia na quarta posição no mês anterior.

Já o Santander continuou na terceira posição de dezembro de 2014 para o mês passado. O banco espanhol recebeu "nota" 7,44, menor do que a 9,54 vista na edição anterior.

Houve 234 queixas consideradas procedentes pelo BC. O volume de clientes da instituição no mês passado era de 31,4 milhões.

Na quarta posição ficou o Bradesco, com índice de 7,22 e 541 críticas - o banco detém 74,9 milhões de clientes. A instituição estava na quinta posição em dezembro.

Já o Banrisul, que possui quase 3,9 milhões de clientes, ocupou o quinto lugar, com 25 pontos. Isso levou o índice da instituição a 6,42 pontos em janeiro.

BMG

O BMG deixou de fazer parte do ranking principal do BC porque, pelo novo método da autarquia, usado desde julho do ano passado, apenas são avaliadas instituições que possuem mais de dois milhões de clientes - até então, a amostragem era de 1 milhão de clientes.

O índice de cada instituição é formado a partir do volume das reclamações, que é dividido pelo número de clientes e multiplicado por 1 milhão.

Antes, a multiplicação era por 100 mil. O BMG agora foi para o ranking das instituições com menos de 2 milhões de clientes. Lá, ele está em sexto lugar.

Além do volume de clientes e da inclusão de financeiras, a ampliação da base de clientes de cada instituição ou conglomerado foi alvo de mudança metodológica feita pela autarquia a partir de julho.

Até então, apenas os que faziam operações de depósitos com cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) eram contabilizados.

Agora, outras operações de depósitos também podem entrar na apuração, como as de consumidores que fazem empréstimos ou investimentos em um banco mesmo sem ter conta na casa.

Justin Sullivan/Getty Images
Mãos seguram adubo fruto de compostagem


João Pedro Caleiro, de EXAME.com
          O que se planta, se colhe, mas no tempo certo: o que vale como filosofia de vida pode ser também a chave para explicar o destino econômico de um país.

É esta a simples (e polêmica) tese dos pesquisadores Oded Galor, da Brown University e Omer Özak, da Southern Methodist University.

Em meados do ano passado, o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica americano publicou um trabalho da dupla com o título "As Origens Agrícolas das Preferências Temporais".

O argumento é que a habilidade de um povo de se planejar e investir para obter uma gratificação maior no futuro está diretamente relacionada com o aprendizado que vem dos ciclos primitivos da agricultura em cada local.

"Variações geográficas na produtividade natural da terra e seu impacto no retorno do investimento agrícola tiveram um efeito persistente na distribuição de uma orientação de longo prazo nas sociedades", diz o estudo.

Ou seja: nossos ancestrais que viviam em terras mais férteis percebiam que valia a pena esperar para colher mais frutos, e isso gerou sociedades que valorizam coisas que trazem desenvolvimento no longo prazo.

Alguns exemplos são o investimento em pesquisa e educação: os autores apontam, por exemplo, que "um desvio padrão no rendimento da colheita pré-1500 vivida pelos ancestrais de um país está associada com um ano adicional de educação escolar no ano 2005".

A tese foi testada de forma empírica por um modelo complexo que controla por uma série de variáveis que poderiam confundir os resultados - sejam elas individuais, geográficas ou históricas.

A orientação de imigrantes de segunda geração dentro de um país, por exemplo, foi medidas para isolar o que são efeitos de cultura adotada e o que tem origem ancestral. Os autores também incorporam as mudanças nos tipos de culturas agrícolas disponíveis mundialmente depois dos descobrimentos.

Galor e Özak não são os primeiros a propor uma explicação geográfica para a história do desenvolvimento das sociedades. Em 1997, o americano Jared Diamond argumentou no livro "Armas, Germes e Aço" que a grande vantagem da Europa foi construída sobre motivos ambientais: em especial, uma latitude quase única no continente inteiro, o que teria permitido a difusão de culturas agrícolas, animais e conhecimentos.

Outros autores preferem explicações focadas em aspectos culturais ou do desenvolvimento de instituições políticas, como James Robinson, de Harvard.

Alexandre Battibugli / EXAME
Loja da Pernambucanas: a empresa tem prejuízo no varejo, mas fecha no azul graças à financeira


Ana Luiza Leal, de Revista EXAME

          A família Lundgren, dona da varejista Casas Pernambucanas, protagoniza há duas décadas uma das mais renhidas disputas societárias de que se tem notícia no capitalismo brasileiro. Mais de 30 descendentes da quarta e da quinta geração disputam o controle da companhia fundada em 1908 e que, em 2014, faturou 4,7 bilhões de reais.

De um lado es­tá Anita Harley, que há 24 anos comanda a Pernambucanas. De outro, primos que discordam da condução do negócio e sobrinhos que brigam na Justiça para tirar poder de Anita — e receber centenas de milhões de reais em dividendos nunca pagos. Em vez de milionários, alguns herdeiros vivem na pin­daíba. Um deles teve de trancar a faculdade e vender sanduí­che na praia para pagar as contas.

Pois essa briga pode estar perto do fim — e de uma virada. O inventário de Helena Lundgren, mãe de Anita, morta em 1990, está prestes a ficar pronto, segundo herdeiros ouvidos por EXAME. Quando isso ocorrer, Anita terá de ceder metade das ações a um grupo de sobrinhos. Na prática, significaria a troca no controle da empresa. Anita, senhora absoluta da Pernambucanas por duas décadas, se tornaria acionista minoritária.

Os problemas societários da Pernambucanas começaram nos anos 70, quando o poder da companhia chegou ao auge. Em 1975, após anos de desentendimentos quanto ao rumo do negócio, a família dividiu a empresa em três unidades: São Paulo, Rio de Janeiro e Nordeste. Cada uma era tocada por um ramo do clã — os demais seguiam acionistas, mas sem se meter no dia a dia.

Apenas a unidade de São Paulo, comandada por Helena Lundgren, sobreviveu à invasão dos importados nos anos 90 que quebrou lojas de departamentos tradicionais, como Mappin e Mesbla.

Em 1990, Helena, dona de 50% das ações da Pernambucanas de São Paulo, morreu. A herança foi dividida entre seus três filhos. Anita Harley, que assumiu a presidência no lugar da mãe, ficou com 25% das ações. Seus dois irmãos, Robert e Christina, ficaram com 12,5% cada um. O plano era que Anita prestasse contas da empresa a cada seis meses aos dois irmãos e distribuísse dividendos.

Mas o inventário de Helena Lundgren nunca foi concluído — e os lucros nunca foram distribuídos. Robert morreu em 1999, deixando cinco filhos. Christina morreu em 2001 e deixou quatro herdeiros. Eles brigam, até hoje, para receber a herança da avó e os dividendos anuais acumulados nesse perío­do. No total, dizem que Anita lhes deve 600 milhões de reais.

Desde a morte da mãe, Anita tenta, na Justiça, fazer com que as ações dos dois irmãos sejam incorporadas a seu patrimônio. Os sobrinhos, por sua vez, brigam para que o testamento seja cumpri­do. No fim de 2013, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que as ações de Robert devem, de fato, ir para seus filhos — o que abre espaço para os filhos de Christina obterem o mesmo.

Mas isso só vai acontecer quando o inventário for concluído. A elaboração do inventário ficou anos sem novidade. Até que, em 17 de dezembro, a Justiça de Pernambuco constatou problemas na condução do inventário e pediu ao Ministério Público e ao Conselho Nacional de Justiça que investigassem o caso.

Segundo a denúncia, os recursos deixados por Helena Lundgren estariam sendo usados de forma irregular — contas bancárias foram movimentadas por mais de uma década sem que os sobrinhos soubessem. Como nada foi decidido, é ilegal mexer na herança sem o consentimento dos envolvidos.

Com a chegada do processo ao Ministério Público, os filhos de Christina e Robert, e seus advogados, avaliam que a conclusão do espólio é iminente. Procurada, Anita não deu entrevista.

O que faz a decisão sobre o inventário especialmente importante é uma peculiaridade daquelas que fazem a briga da Pernambucanas não só antiga mas para lá de complexa. Na divisão dos anos 70, os ramos do Rio e do Nordeste e outros grupos de descendentes ficaram com 50% das ações da empresa de São Paulo.

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