Com referências a games e cultura pop, '2 Coelhos' é um filme nerd', diz Alessandra Negrini


  • Alessandra Negrini luta contra seus demônios em cena de 2 Coelhos
    Alessandra Negrini luta contra seus demônios em cena de "2 Coelhos"
  • "A Alessandra tem essa urgência que eu queria ver em cena", diz diretor de "2 Coelhos" 
Explosões, animações, efeitos especiais ousados e até referências do jogo GTA fazem parte das cenas de “2 Coelhos”, primeiro longa do cineasta e ex-publicitário Afonso Poyart, que estreia nesta sexta (20), nos cinemas brasileiros.

Em entrevista realizada nesta terça (17), Alessandra Negrini diz que esse foi justamente o motivo que a fez se apaixonar pelo filme. “Ele não é uma história de amor, não é só ação. Se pudesse classificá-lo, seria como um filme nerd”, explica a atriz. “A gente queria fazer um videogame de verdade", completa o ator Fernando Alves Pinto. Apesar de ter foco nas cenas de ação, o filme também conta com o bom humor do bandido Velinha (Thaíde) e do vilão Máicon (Marat Descartes), além de ser costurado pela história de amor de Julia (Alessandra Negrini) e Edgar (Fernando Alves Pinto).
Para Negrini, o filme também "é feito para um público carente desse conteúdo no cinema nacional, a galera que está antenada o tempo todo, que sabe o que está rolando”. O diretor completa explicando que "nosso cinema abrange todos os gêneros e que um filme de ação bem feito também pode ter público no país". 
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Foto 3 de 27 - As intenções de Edgar (Fernando Alves Pinto) não sã claras: não se sabe se ele quer criar um propósito para sua existência, compensar o sentimento de culpa por um acidente terrível do passado, ter a mulher que ama (Alessandra Negrini) ao seu lado ou realmente impor justiça com as próprias mãos Divulgação
Poyart explica que "2 Coelhos" teve um ano e meio de pós-produção. A cena que Negrini briga com os demônios de sua Síndrome do Pânico (foto), por exemplo, demorou cerca de cinco meses para ser finalizada. "Queria um filme contemporâneo", argumenta. 
Sobre as tomadas que envolvem São Paulo, o diretor brinca ao dizer que "todo santista sonha em morar em São Paulo", e por ter nascido na cidade litorânea quis mostrar um filme paulista, urbano. "Essa cidade é cinza, opressora, queria mostrar isso no filme". 
Atores x Personagens
Um dos vilões de destaque do filme, Marat Descartes diz que divertiu-se muito no papel do vilão Máicon. "Adoro ser vilão, sempre gosto. E não é porque sou eu, mas é um vilão simpático", diz entre risos. Já o ator Caco Ciocler diz que a cena preferida de seu personagem foi a que ele perde a família. "O meu personagem é construído no que ele oculta. É a minha cena favorita e mais desafiadora", conta. 

"Usei um mix de diretores que conheço como referência. O maior deles é o Fernando Meirelles. 'Cidade de Deus' pra mim é o maior filme dos últimos tempos", opina. Já para Alessandra, o que a atraiu na personagem foi a sua ambiguidade. "Ela é uma bandida heroína ou uma heroína bandida. Ela quer a praia, o sol e o amor. É corajosa e ao mesmo tempo frágil", diz.

Trilha-sonora

A música que abre o filme é "Kings & Queens", da banda americana 30 Seconds To Mars. Na trilha-sonora, o espectador é conduzido pela trama com Lenine, Matanza, Tom Waits e Radiohead.

"Usei músicas que gosto. Acho que música já tem um significado especial pras pessoas. Quando você as coloca em um filme, elas ganham outro. Temos uma lista grande de direitos adquiridos", explica o diretor que diz ter Quentin Tarantino e Christopher Nolan em suas influências.
Para definir o filme, Poyart conta que "queria adaptar corrupção e criminalidade no início, mas acabou virando mais que isso. É um cara comum meio justiceiro, que vive coisas que vivemos no dia-a-dia", diz. "É um filme sobre sobrevivência", completa Caco Ciocler. 
"O roteiro é muito intercalado, complicado de um jeito divertido. Desafiador para todas as idades, diz Fernando. "No filme, a missão do personagem é matar dois coelhos com uma 'caixa d´água só'. Mas no fim, quem escolhe os coelhos é o espectador", finaliza o diretor. 
Curiosidades de "2 Coelhos"
  • Cena do filme "2 Coelhos" imita jogo Grand Theft Auto
  • Uma das cenas de fogo demorou cerca de três horas para ser montada e as chamas chegaram a 30 metros de altura
  • Um dispositivo wireless foi adaptado para o filme com um disparador especial com alta precisão de velocidade. Aliado a uma câmera que registra mil quadros por segundo, ele dá os efeitos de câmera lenta das explosões
  • Réplicas de armas como AK-47 e AR-15 foram usadas com balas de festim
  • O filme foi feito com autorizações do exército e da polícia
  • Negrini não estava presente no momento da explosão do carro que é exibida no trailer
  • Cenas com desenhos de quadrinhos tiveram cerca de 20 profissionais envolvidos na pós-produção
  • O diretor de efeitos especiais já trabalhou em filmes como "Amanhecer", da saga "Crepúsculo" e "Os Mercenários"

"A Alessandra tem essa urgência que eu queria ver em cena", diz diretor de "2 Coelhos"


  • Alessandra Negrini em cena de 2 Coelhos, filme de Afonso Poyart
    Alessandra Negrini em cena de "2 Coelhos", filme de Afonso Poyart
No corredor de um hotel de luxo em São Paulo, Alessandra Negrini se espreme atrás de uma coluna, o medo deixa seu olhar trêmulo. No quarto para onde ela voltava, um grupo de traficantes tortura um homem usando uma espada afiada – ela sabe que destino não muito melhor a aguarda se os criminosos a virem. Observando a cena, a equipe do longa de ação "2 Coelhos", estreia do diretor Afonso Poyart, compartilha a tensão em um, dois takes. Quando o diretor encerra a cena, a atriz tem um olhar de satisfação, de prazer pelo bom trabalho cumprido.
Eu gosto de desafios, e '2 Coelhos' me pareceu novo e inusitado, exatamente o que eu procurava no cinema
A atriz Alessandra Negrini, sobre o filme de Afonso Poyart

"Alessandra estava sendo ela mesma", diz Poyart bons meses depois, com "2 Coelhos" já fechado e a caminho dos cinemas, onde estreia nesta sexta-feira (20), e as atenções voltadas para seus próximos trabalhos - um longa inspirado na vida do lutador de MMA José Aldo e a produção de um filme sobre a banda Calypso. "Acho bacana escolher atores que tenham a ver com o personagem, e a Alessandra tem essa urgência que eu queria ver em cena". No filme, ela é a promotora Julia, envolta em uma teia de crime e corrupção emoldurada por camadas e camadas de cultura pop, como nunca antes foi visto em um filme brasileiro. "Eu li o roteiro e fiquei intrigada", disse a atriz ao UOL ainda durante as filmagens. "Eu gosto de desafios, e '2 Coelhos' me pareceu novo e inusitado, exatamente o que eu procurava no cinema".

E cinema, em meados de 2009, era uma experiência nova para a atriz, que até então trilhava uma carreira de sucesso na TV. Suas ideias sobre sua arte mudaram depois que ela fez o papel-título em "Cleópatra", do cineasta Julio Bressane. "Foi como se uma caixa tivesse sido aberta", lembra Alessandra, que ressalta que escrever um roteiro não passa longe de seus planos. "Passei a ver o cinema com outros olhos, como novas possibilidades." E possibilidades extremas, já que as propostas de "Cleópatra" e "2 Coelhos" não poderiam ser mais diferentes.

Foto 5 de 27 - "Dois Coelhos" acompanha a história de Edgar (Fernando Alves Pinto), um homem cansado de ser vítima da criminalidade e da corrupção, resolve fazer justiça com as próprias mãos Divulgação

Cineasta estreante
O roteiro de "2 Coelhos", escrito pelo próprio Afonso Poyart, empresta elementos de filmes de ação contemporâneos – e de outras mídias, como videogames – e os mistura a um cenário de crime e corrupção totalmente brasileiro. Fazer cinema, por sinal, é algo que Poyart paquera desde que começou a trabalhar com publicidade, ainda adolescente. "Te garanto que boa parte dos publicitários entrou nessa com cinema na cabeça", brinca o diretor, em seu escritório na Vila Madalena, em São Paulo.

"Eu comecei neste mercado, o trabalho se empilhava e o cinema sempre ficava para depois. Quando vi, dez anos já tinham se passado. Daí decidi que não podia esperar mais".

Financiamento
Te garanto que boa parte dos publicitários entrou nessa com cinema na cabeça
O cineasta Afonso Poyart, que começou a carreira na publicidade
Mas como não ter paciência infinita quando as regras do jogo para trabalhar com cinema no Brasil significam editais, concursos e aprovações? A resposta é simples: quebrar as regras. "Quando o roteiro ficou pronto, segui o mesmo caminho de todo mundo", conta. "Mas depois de seis meses, de um ano sem ter dinheiro pelas leis de incentivo, não deu mais para esperar". Na prática, Poyart abriu os cofres de sua produtora, arregaçou os bolsos, convocou os colegas de trabalho e foi a luta, bancando o custo de filmagens na raça, e esperando cobrir os gastos quando os recursos dos editais estivessem no lugar. O que, claro, não chegou perto de cobrir o orçamento de "2 Coelhos".

"Não é uma estratégia que eu recomendo", aponta Poyart, que na reta final ganhou um parceiro no distribuidor do filme. Ainda assim, cerca de 80% da brincadeira ficou em suas mãos. "Agora estamos esperando a estreia com os dedos cruzados". A sua mistura de ação, grafismo, cultura nerd e equilíbrio cármico chega aos cinemas numa temporada dominada pelos blockbusters americanos do fim de 2011, como "Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras" e "As Aventuras de Tintim". "Acho que estamos em boa companhia", brinca.

TRAILER DE "2 COELHOS"


Ao menos existe uma certeza: não existe nada em cartaz atualmente como "2 Coelhos". Na trama, Fernando Alves Pinto, que estreou no cinema no já distante 1996 com "Terra Estrangeira", é Edgar. Fanático por games e geek por excelência, ele volta ao Brasil depois de uma temporada forçada em Miami e com um plano: equilibrar a balança cósmica fazendo com que bandidos paguem por seus crimes, não importa quem sejam, não importa onde estejam. Mas não como "O Justiceiro", com um arsenal à disposição. Edgar conta com inteligência e com uma mãozinha do acaso, em uma trama inteligente e bem amarrada, na qual nem tudo, mesmo, é o que parece ser.
O Fernando é parecido com o Edgar, é quieto e muito inteligente, com um senso de humor mordaz e um senso de justiça ímpar
Afonso Poyart sobre Fernando Alves Pinto, protagonista de "2 Coelhos"

Elenco

A não ser, claro, a personalidade de seus protagonistas. Assim como escolheu Alessandra Negrini por enxergar na atriz traços de sua personagem, Poyart escalou seu elenco por afinidade com seus papéis.

"O Fernando é parecido com o Edgar, é quieto e muito inteligente, com um senso de humor mordaz e um senso de justiça ímpar", exemplifica.

CACO CIOCLER E ALESSANDRA NEGRINI FALAM SOBRE "2 COELHOS"


Para manter essa naturalidade em cena, o diretor desenhou as cenas mas deixou o roteiro à mão como um guia, seu elenco livre para traçar os diálogos de acordo com a cena. "Achei que o trabalho seria mais espontâneo, e foi bacana ver como os atores reagiam entre si, alguns seguindo o texto à risca, outros improvisando de ponta a ponta.

Ainda assim, não era um set caótico, já que planejamento era essencial para que o material tomasse forma na edição. "Muita coisa terminou reescrita durante a montagem, com cenas inteiras reorganizadas", explica Afonso. Tudo, claro, mantendo o ponto de vista do personagem de Fernando Alves Pinto, que é o narrador da trama, e é por seus olhos que enxergamos a ação: "Todo o grafismo, todos os efeitos são o modo como o Edgar vê o mundo, já que é seu mundo. O que '2 Coelhos' mostra é o que acontece quando este mundo que existe na cabeça de alguém entra em choque com as situações reais". O que significa que o personagem adora jogar o game "Grand Theft Auto". "Ele e eu, já que estou ansioso para ver como será o novo!", entusiasma-se Poyart.

Cinebiografia de lutador de MMA
  • O lutador de MMA José Aldo, que será retratado em filme de Afonso Poyart
Entusiasmo, por sinal, é palavra-chave na nova etapa de sua carreira.

"Agora que comecei com o cinema, não dá mais para parar", entrega. Mas seu próximo longa, inspirado na vida do lutador de MMA José Aldo, trilhará caminhos mais habituais da produção cinematográfica brasileira. "Tenho a parceria de um distribuidor, estamos levantando dinheiro por editais, não tem como fazer uma loucura duas vezes seguidas", ressalta. Ainda assim, Poyart está encarando o projeto de maneira cinematográfica, na falta de um termo melhor. "O José Aldo já sabe que muitas vezes não vai se ver em cena, já que é uma dramatização de sua vida, uma ficção inspirada em sua trajetória", avisa. "Nem sempre a vida real é interessante o suficiente para virar um filme, mesmo a de um sujeito extraordinário como ele".

Por falar em biografias ficcionalizadas, Poyart também está por trás do filme sobre a dupla Calypso, Joelma e Chimbinha. "Eles criaram uma indústria quando a indústria os rejeitou, e isso é genial", comenta. "Mas este eu não vou dirigir, só produzir. É filho do (diretor) Caco Souza". O que não está descartada, por sinal, é uma sequência para o próprio "2 Coelhos". "Não necessariamente com os mesmos personagens, mas usando a mesma premissa, de eliminar dois males com um golpe só". De cara, "2 Coelhos 2" ficaria bacana em um cartaz.

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